Novos combates entre beduínos e drusos no sul da Síria. Mortos ascendem aos 500 em quatro dias

Várias tribos beduínas declararam uma mobilização geral para lutar contra fações drusas após combatentes drusos terem morto e expulsado famílias beduínas. Desde domingo os confrontos em Sweida, no sul da Síria, já fizeram mais de 500 mortos, entre civis e militares das duas fações.

RTP /
Combatentes de tribos beduínas se posicionam na cidade de Mazra'a, de maioria drusa, na zona rural de Suwayda, no sul da Síria Ahmad Fallaha - EPA

Os combates na província de Sweida, no sul da Síria, iniciados por discórdias locais entre tribos beduínas e combatentes drusos, rapidamente escalaram e levaram forças do Governo sírio a intervir durante a última semana. 

Na quarta-feira foi decretado um cessar-fogo mas esta sexta-feira os confrontos voltaram a eclodir.

Após a trégua de quarta-feira, as forças do Governo saíram da região. Com a intensificação das hostilidades esta sexta, o Ministério do Interior da Síria diz que o exército não foi realocado em Sweida, província de maioria drusa.

Porém, o porta-voz explicou que as forças do Governo se mantêm em estado de prontidão.

Isso ocorre após uma fonte da autoridade israelita que não quis ser identificada, citada na Aljazeera, dizer que “à luz da instabilidade em curso no sudoeste da Síria, Israel concordou em permitir a entrada limitada das forças de segurança interna [sírias] no distrito de Sweida nas próximas 48 horas”.

Recorde-se que na quarta-feira Israel bombardeou Sweida e a capital síria, argumentando que tinha alertado Damasco para retirar do sul da Síria por que não querer forças governamentais nessa área do país.

A agência de notícias AFP reportou que os combatentes de ambas as fações confirmaram a troca de tiros. 

A agência também dá conta que o hospital sírio de Suwayda já recebeu “mais de 400 corpos desde segunda-feira, incluindo os de mulheres e crianças, relatou uma médica nesta sexta-feira.

"Não há mais espaço na morgue, os corpos estão na rua" em frente ao hospital, acrescentou Obeid, presidente do ramo Sweida da Ordem dos Médicos.

De acordo com dados do Observatório Sírio para os Direitos Humanos (SOHR), com sede no Reino Unido, as vítimas mortais nos últimos quatro dias ultrapassam as 500 pessoas, entre civis e militares.

A AlJazeera relata a existência de um vídeo a circular na Síria onde mostra o líder tribal beduíno Abdul Moneim al-Naseef, cercado por membros de tribos armadas, emitindo um chamamento "às tribos em todas as províncias sírias para irem imediatamente a Suwayda para salvar nosso povo de massacres e limpeza étnica".

A Síria atravessa uma frágil transição de guerra civil após a queda do regime de Bashar al-Assad, em dezembro do ano passado.
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