Oposição iraniana pede aplicação de sanções "sem indulgência" contra Teerão
A presidente do Conselho Nacional da Resistência Iraniana (CNRI), a oposição a Teerão no exílio, Maryam Rajavi, defendeu a aplicação "sem indulgência nem concessões" das sanções internacionais ao regime de Teerão, que entraram novamente em vigor.
As sanções "devem ser aplicadas sem indulgência nem concessões, e todas as formas de contorná-las devem ser bloqueadas", afirmou Rajavi num comunicado a partir do seu exílio em Paris, citado pela agência EFE.
As sanções foram promovidas por três países da Europa (França, Alemanha e Reino Unido, ou grupo E3), visto que consideram que Teerão não cumpriu os compromissos de limitar o seu programa nuclear, incluídos no acordo alcançado em 2015, que limitava o programa iraniano, e que foi abandonado pelos Estados Unidos em 2018. Já o Irão tem repetido que o E3 não cumpriu a sua parte do acordo.
Essas sanções "são essenciais para impedir que a ditadura religiosa adquira uma bomba nuclear e devem ser aplicadas com firmeza", insistiu a líder do NCRI, impulsionadora do "Plano de Dez Pontos para o Futuro do Irão", que apresentou numa sessão do Conselho da Europa em 2006 e que continua a ser o roteiro do movimento para uma transição no país.
Entre os objetivos destacam-se a rejeição da teocracia, "restabelecer" a liberdade de expressão, desenvolver um sistema judicial independente e avançar para um futuro para o Irão sem armas nucleares ou de destruição maciça.
Rajavi lembrou que "o regime abusou gravemente dos privilégios do acordo alcançado há 10 anos, gastando as receitas do petróleo em guerra, repressão, exportação de terrorismo, programa de mísseis e busca de armas nucleares, incluindo o enriquecimento máximo".
As resoluções da ONU têm como objetivo travar o enriquecimento de urânio e o programa de mísseis iranianos, autorizar inspeções de aviões e navios da República Islâmica, bem como o congelamento de ativos económicos iranianos em todo o planeta e proibições de viagem a indivíduos e entidades do país persa.
Teerão sustenta que estas sanções da ONU deveriam estar "centradas na não-proliferação" nuclear e militar e não na economia.
Na intervenção feita na sexta-feira no debate geral da Assembleia Geral das Nações Unidas, o Presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, reiterou que Teerão "nunca procurou nem procurará" obter armas nucleares, rejeitando as acusações ocidentais.
Israel e os Estados Unidos bombardearam em junho as instalações nucleares iranianas, visando atrasar o enriquecimento por Teerão de urânio com teor suficiente para produção de armas nucleares.
A campanha de bombardeamentos teve o seu ponto alto a 22 de junho, quando a Força Aérea e a Marinha norte-americanas atacaram as três mais importantes instalações nucleares iranianas: as centrais de enriquecimento de combustível de Fordow e Natanz e o Centro de Tecnologia Nuclear de Isfahan.
O resultado do ataque não é consensual, com os governos norte-americano e israelita a reivindicarem uma destruição do programa nuclear iraniano, e outras fontes a darem conta de apenas um atraso ligeiro, de alguns meses, até Teerão dispor de urânio para bombas atómicas.
O Irão já está sujeito a numerosas sanções dos Estados Unidos que limitam a capacidade do país persa de comercializar com outros países e, especialmente, de vender o seu petróleo, gás e produtos derivados.
Apesar disso, a República Islâmica produz 4,8 milhões de barris diários de petróleo bruto, condensados e gás natural e exporta 2,6 milhões de barris diários, a maioria para a China, de acordo com um relatório de junho da Agência Internacional de Energia.