Reconhecimento do Estado da Palestina. Autoridade Palestiniana aplaude Portugal

O presidente da Autoridade Palestiniana considera a decisão de Portugal de reconhecer o Estado da Palestina "um passo importante e necessário" para alcançar "uma paz justa e duradoura, baseada na legitimidade internacional". Vários países, entre eles Portugal, anunciaram reconhecer o Estado da Palestina, mas este reconhecimento formal promete provocar duras respostas de Israel e dos Estados Unidos que já disseram que vão boicotar a cimeira em Nova Iorque na sede da ONU. O embaixador israelita na ONU, Danny Danon, descreve o evento como um "circo".

Cristina Santos - RTP /
Remo Casilli - Reuters

Mahmoud Abbas defende que o reconhecimento do "direito do povo palestiniano à autodeterminação, liberdade e independência abre caminho para a implementação da solução de dois Estados, permitindo ao Estado da Palestina conviver com o Estado de Israel em segurança, paz e boa vizinhança". 

De acordo com a agência de notícias palestiniana WAFA, o presidente da Autoridade Palestiniana insiste que a prioridade é alcançar um cessar-fogo na Faixa de Gaza, a entrada de ajuda humanitária, a libertação dos reféns israelitas e dos prisioneiros palestinianos, e garantir a retirada total das tropas israelitas do enclave para permitir ao Estado palestiniano "assumir todas as suas responsabilidades".

Em Nova Iorque, a assembleia-geral das Nações Unidas entra na semana de alto nível. Chefes de Estado e de governo estão na cidade e o reconhecimento do Estado palestiniano por uma dezena de países tornou-se tema central nesta assembleia-geral.

De tal forma que à margem, França e Arábia Saudita organizaram uma cimeira, com início previsto para as 20h00 (hora continental portuguesa).

Todas as expetativas internacionais estão concentradas nesta conferência que discute uma solução pacífica para a questão palestiniana.

Pelo menos, seis países devem reconhecer o Estado da Palestina nesta conferência: França,
Bélgica, Malta, Luxemburgo, Andorra e São Marino.

Para além de Reino Unido, Canadá, Austrália e Portugal que formalizaram durante o fim de semana o reconhecimento do Estado palestiniano.

No domingo, Paulo Rangel fez a declaração formal de reconhecimento, na Missão Permanente de Portugal nas Nações Unidas.

O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros sublinhou que a decisão do Governo português foi tomada após várias reuniões "em que se verificou a convergência do senhor Presidente da República e de uma larguíssima maioria dos assentos parlamentares".

Nem todos os partidos na Assembleia da República concordam com o reconhecimento da Palestina.

O CDS-PP, parceiro da coligação que sustenta o governo, não concorda com a decisão. No entanto, o presidente do CDS-PP, Nuno Melo, garante que não há qualquer incómodo na coligação do governo.

Diferente é a posição da Iniciativa Liberal que considera que reconhecer o Estado da Palestina é o primeiro passo de um caminho longo. Sendo um passo importante para a líder da Iniciativa Liberal.

Para já, a única voz socialista que comentou a declaração do governo português foi a do eurodeputado Francisco Assis. O socialista considera que este reconhecimento é o único caminho possível.

Em comunicado, o PCP recordou as diversas ocasiões em que propôs este reconhecimento.

Algo que foi "sistematicamente rejeitado pelos sucessivos governos do PSD/CDS e do PS, a coberto de diversos subterfúgios para que Portugal não adotasse uma decisão que lhe cabia soberanamente tomar".

O porta-voz do Livre, Rui Tavares, saúda o reconhecimento português do Estado palestiniano, apesar de ser “tardio”. Ainda assim é uma "mensagem muito poderosa" a Israel.

O Bloco de Esquerda saudou também o reconhecimento da Palestina pelas autoridades portuguesas. No entanto, alerta que este é um gesto simbólico se não forem criadas condições objetivas para a viabilidade de um Estado palestiniano.

Quanto ao Chega, André Ventura defende que, antes de reconhecer o Estado da Palestina, Portugal deveria exigir a libertação dos reféns que estão nas mãos do Hamas e combater o terrorismo.

Na declaração de domingo, em Nova Iorque, o ministro dos Negócios Estrangeiros sublinhou a vontade de manter "relações pacíficas, profícuas e frutuosas" com ambos os Estados.

Paulo Rangel espera que Israel "possa compreender esta nossa posição". “Ela não é feita nunca contra Israel. É feita a favor da paz e do direito do povo palestiniano à autodeterminação”, explicou.
Antes desta declaração oficial, o presidente da República garantiu "pleno apoio" ao reconhecimento do Estado palestiniano.

Em Nova Iorque, antes de participar na Assembleia Geral da ONU, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que é necessário abrir caminho a uma solução de paz.

Portugal torna-se o 13.º país da União Europeia a reconhecer o Estado palestiniano.

Em resposta, a vice-ministra dos Negócios Estrangeiros israelita afirmou que Telavive está "extremamente desapontada" com Portugal.

O primeiro-ministro de Israel diz que o reconhecer o Estado palestiniano é uma "enorme recompensa ao terrorismo". Benjamin Netanyahu garante mesmo que isso não irá acontecer.

A ministra dos Negócios Estrangeiros da Palestina sublinha que este reconhecimento é um passo histórico irreversível, e agradeceu o apoio da comunidade internacional.

Os países árabes saudaram hoje o reconhecimento da Palestina pelo Reino Unido, Canadá, Austrália e Portugal, considerando-o um "apoio à paz" e um passo que "corrige um erro histórico", instando a novas medidas para uma solução de dois Estados.

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