Florestas portuguesas sob a atenção da GNR

Este ano a Guarda Nacional Republicana (GNR) viu reforçadas, em todo o território nacional, as suas forças de patrulhamento e vigilância das zonas florestais durante a fase Charlie, porque proteger é melhor que remediar.

Mais ocorrências, mais detenções e menos contraordenações


Todos os anos existe um destacamento militar que visa a proteção florestal por parte da GNR mas em 2015 houve um reforço territorial adicional composto por militares do Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro (GIPS), e de validação e medição dos incêndios florestais e na investigação das suas causas, através da estrutura do Serviço da Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA).

No âmbito das ações de patrulhamento e vigilância, desde o início do ano, a GNR registou até ao fim de setembro de 2015:

  • 10.415 Ocorrências de incêndio (mais 657 que em 2014)
  • 619.480 Fiscalizações (mais 136 794 que em 2014);
  • 1 154 Contraordenações por infração ao Decreto-Lei 124/2006 do Sistema Nacional de Defesa da Floresta contra Incêndios (menos 1.350 que em 2014)
  • 787 Indivíduos identificados (mais 261 que em 2104
  • 70 Detidos (menos 31 que em 2014)

Valores que do ponto de vista desta unidade de segurança nacional demonstram uma melhoria no combate e prevenção das florestas em Portugal.

Meios operacionais intervenientes
No âmbito das ações de primeira intervenção nos incêndios florestais, que ficaram a cargo dos 591 militares do Grupo de Intervenção de Prevenção e Socorro (GIPS), a média de saídas helitransportadas foi de 3.482, cerca de mais 4,02 por cento que a média verificada entre 2006 e 2014, que foi de 3.342 saídas.

"Noventa por cento das ignições são de origem humana" - presidente ANPC.


Segundo dados da GNR a taxa de sucesso destes elementos militares, no domínio das chamas de um incêndio no tempo máximo de 90 minutos, feitas por estes operacionais foi de 97,55 por cento, este ano, contra os 96,69 por cento verificados entre 2006 e o ano passado.

As ações de vigilância e de patrulhamento das áreas florestais, bem como investigação das causas dos incêndios foram desempenhadas por 948 militares e civis do Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA), que registaram e validaram 8.474 incêndios, tendo estes investigado mais 7.596 potenciais focos.

Durante os últimos quatro anos (2011 – 2014) a Guarda Nacional Republicana registou nas ações de fiscalização e prevenção 91.857ocorrências de incêndios, deteve 140 pessoas, identificou 2.762 e aplicou 11.584 entre contraordenações e multas.

O ano de 2011 foi aquele em que a GNR registou maior número de ocorrências de incêndios: 31.147 em que foram detidas 22 pessoas, identificadas 430 e aplicadas 3.440 multas.

Noventa por cento das ignições têm mão humana
Como nasce um fogo? A resposta é fácil de dar e as causas de ignição estão identificadas em cinco vertentes: dolo, negligência, desconhecidas, as naturais e reacendimentos.

Noventa por cento das ignições são de origem humana, afirma o Comandante Operacional Nacional da Proteção Civil, José Manuel Moura, referindo não ter dúvidas que partes dos focos são de origem criminosa.

Não se sabe qual é ao certo qual é o motivo que leva a tal crime, mas existem vários factores apontados para tal reincidência.

Obtenção de material, mais barato, para as indústrias madeireiras e/ou motivos de desordem psicológica e social.

Muitos dos incendiários conhecem o terreno, as condições ideais de como provocar vários focos de ignição, bem como a forma de atuação dos elementos de prevenção e combate.

“O dolo (em contraste com a negligência) é o crime. O dolo é um ato criminoso que é feito em dias de severidade extrema, não é um dia qualquer (…) e um executor que sabe escolher os dias que têm a temperatura acima dos 30 graus, o vento acima dos 30 quilómetros por hora, humidades relativas abaixo do 30 por cento (…) e que vai colocar em sítios muito difíceis e se calhar numa linha de cumeada em três ou quatro pontos diferentes, para que os bombeiros não consigam chegar a todos os pontos das ignições”.

Um terço do fogos de origem criminosa surge durante o período noturno. Períodos com menor vigilância por parte das autoridades e com menos possibilidade de haver pessoas nas redondezas.




Uma situação que o presidente da Associação Nacional de Bombeiros Portugueses, Fernando Curto diz poder ser invertida se houvesse uma maior informação e formação junto da população.

Fernando Curto fala mesmo em criar novas formas e meios de alerta alternativos, fora dos sistemas de vigilância já existentes, "que a GNR está a desempenhar e muito bem", refere, em que a população pode mesmo servir para minimizar ou mesmo eliminar potenciais novos focos de ignição, quer naturais, negligentes ou memos criminosos.



Também o presidente da Liga de Bombeiros Portugueses (LBP), Jaime Soares, afirmou recentemente,
nas primeiras jornadas técnicas "Incêndios florestais: Um paradigma em mudança", que cerca de 75 por cento dos incêndios florestais no país são de origem criminosa, atribuindo os restantes 25 por cento a casos de negligência.

Jaime Soares sublinhou que basta haver um criminoso ou um distraído para que haja um fogo, embora os distraídos "não sejam tantos quanto se diz", e referiu que
"houve mais incêndios em Portugal do que em Espanha e França juntas".

No entanto, "na média destes últimos 10 anos, conseguiu-se diminuir a área ardida em 38 por cento", mantendo "níveis de segurança elevados".


Nos últimos anos, os fogos de origem criminosa provocaram vários milhares de hectares de floresta consumida, mas o mais grave foi a perda de vidas humanas na tentativa de travar o avanço das chamas para locais habitados.

As autoridades ano para ano têm alargado o plano de acção e fiscalização deste tipo de crime, tendo aumentado o numero de detenções de autores de fogo posto com intenção criminosa.