Cabo Delgado. Quatro mortos em ataque em Muidumbe
Pelo menos quatro pessoas foram mortas na aldeia de Muambula, a 20 quilómetros da sede do distrito de Muidumbe, na província moçambicana de Cabo Delgado, num novo ataque de supostos terroristas, relataram hoje fontes da comunidade local.
As vítimas morreram na sequência de um ataque armado por volta das 22h00 locais (20h00 de Lisboa) de terça-feira, quando os insurgentes entraram na aldeia a disparar, disseram as fontes à agência Lusa.
"Entraram ontem e mataram duas pessoas, estou a vir do esconderijo onde passei a noite toda", disse uma fonte a partir de Muambula.
Noutra zona da aldeia há relatos de pelo menos mais duas vítimas mortais na sequência do mesmo ataque a Muambula, antiga sede do distrito de Muidumbe.
Após o ataque, a população fugiu para as matas e alguns começaram a regressar esta manhã.
"Estamos a regressar, mas foi horrível passarmos toda a noite nas matas, estamos mal", lamentou outra fonte a partir de Muambula.
O ataque a Muambula acontece no mesmo dia em que dezenas de militares foram enviados a Mandava, a 10 quilómetros de Muambula, para reforçar a posição.
A província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, rica em gás, é alvo de ataques extremistas há oito anos, com o primeiro ataque registado em 05 de outubro de 2017, no distrito de Mocímboa da Praia.
Um levantamento da organização de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos (ACLED, na sigla em inglês) estima que a província moçambicana de Cabo Delgado registou, pelo menos, 12 eventos violentos entre 13 e 26 de outubro, essencialmente envolvendo extremistas ligados ao Estado Islâmico, provocando 18 mortos entre civis.
De acordo com o mais recente relatório da ACLED, dos 2.236 eventos violentos registados desde outubro de 2017, quando começou a insurgência armada em Cabo Delgado, um total de 2.061 envolveram elementos associados ao Estado Islâmico Moçambique (EIM).
Estes ataques provocaram em pouco mais de oito anos 6.659 mortos, refere o novo balanço, incluindo as 18 vítimas reportadas em menos de duas semanas em outubro.
O relatório da organização refere ainda que, neste período, Cabo Delgado "testemunhou um aumento na atividade insurgente", com elementos associados ao Estado Islâmico de Moçambique (EIM) a atacarem as forças de segurança nos distritos de Montepuez e Muidumbe, "provocando baixas".
"Os insurgentes também continuaram a matar civis nos distritos de Mocímboa da Praia, Muidumbe e Metuge. As operações do EIM foram agravadas por outros padrões de instabilidade, particularmente em torno de áreas de mineração em Montepuez", escreve a ACLED.
A organização aponta igualmente o risco contínuo para as comunidades piscatórias, apanhadas em ataques de insurgentes e em ofensivas das autoridades contra os grupos terroristas.
A "dispersão da atividade" por Cabo Delgado sugere que estes grupos operam em unidades dispersas, permitindo "aos insurgentes expandir as operações para além dos tradicionais redutos".