Mariano Rajoy investido chefe do Governo espanhol

O líder do Partido Popular foi investido presidente do Governo pelo parlamento espanhol. Ao fim de praticamente um ano, Espanha volta a ter Governo, depois do PSOE ter decidido abster-se para evitar a realização de novas eleições.

RTP /
Dez meses depois, Espanha volta a ter Governo em plenas funções. Daniel Ochoa de Olza - Reuters

O chefe do atual Governo em gestão contou com o apoio dos deputados do Partido Popular, do Ciudadanos e da Coligação Canárias (partido regional). Contra a investidura votaram a coligação de esquerda Unidos Podemos e todos os partidos regionais, nacionalistas e independentistas. Mariano Rajoy somou 170 votos a favor e 111 votos contra. 

Os socialistas decidiram, por sua vez, votar "não" na primeira votação à investidura e abster-se na segunda votação, o que permitiu a aprovação do líder conservador.

Apesar da orientação dada no sentido da abstenção, um número reduzido de deputados socialistas não respeitou a disciplina de voto e voltou a votar este sábado contra a investidura de Rajoy, não se sabendo ainda se serão sancionados pela direção do partido. Dos 85 deputados socialistas, 68 optaram pela abstenção.

Um dos deputados a desrespeitar a orientação do partido foi Pedro Sánchez, antigo líder do PSOE, que saiu do parlamento durante a sessão deste sábado e renunciou mesmo ao cargo de deputado para evitar seguir a ordem superior dos órgãos máximos do partido. 

Paul Hanna - Reuters

É o desenlace de um período de 315 dias de instabilidade política e de Governo de gestão, segundo as contas do El País. Mas este desfecho não agrada a todos.

Segundo a polícia de Madrid, cerca de seis mil pessoas participaram esta tarde numa marcha contra a investidura de Rajoy. Os protestos aconteceram sobretudo junto ao Congresso dos Deputados, onde decorreu a votação. Ministros tomam posse na sexta-feira

Logo após a votação, Rajoy garantiu aos jornalistas que anunciaria a composição do novo executivo espanhol na próxima quinta-feira. A cerimónia de tomada de posse dos ministros deverá acontecer no dia seguinte, com a presença do rei Felipe VI.

Já este domingo, o monarca espanhol recebe Ana Pastor, presidente do Congresso. Felipe VI deverá assinar desde logo o decreto de nomeação de Rajoy como primeiro-ministro.

O líder do Partido Popular regressa em plenas funções a um cargo que bem conhece. É Presidente do Governo desde 2011, com maioria absoluta. Vai agora iniciar uma legislatura apoiado por maioria simples, e já reconheceu que os próximos tempos não serão fáceis.

António Hernando, o chefe do grupo parlamentar do PSOE, avisou que os socialistas vão "vigiar cada passo" e que irão apenas "aprovar iniciativas" que considerem necessárias.

Javier Fernández, líder provisório do PSOE, avisava na passada terça-feira que a abstenção dos socialistas não significa que o partido "garanta" a estabilidade governativa, nomeadamente na proposta de Orçamento do Estado para 2017.

Mas Rajoy prometeu este sábado, perante o Congresso de Deputados, após a votação que declarou a sua investidura, que irá tentar consertar erros do passado. O chefe de Governo prometeu "corrigir tudo o que mereça correção, a melhorar tudo o que for melhorável e a ceder em tudo o que seja razoável", mas nega no entanto "derrubar tudo o que foi construído".

"Os últimos quatro anos foram muito difíceis. Há ainda muitas tarefas para realizar. Vamos tentar encontrar acordos com todos os partidos", declarou.

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