11 de setembro. Que é feito da al-Qaeda quase duas décadas depois

por RTP
Bombeiro da cidade de Nova Iorque na zona dos destroços das Torres Gémeas, que acabavam de colapsar. Reuters

Da al-Qaeda de 2001 pouco resta. O legado da organização enfrenta um desafio ideológico de modernização para garantir a captação de soldados que preencham as fileiras dos diversos braços armados da organização.

Há 19 anos os ataques da al-Qaeda em território americano demonstraram a vulnerabilidade do mundo ocidental. Quase duas décadas depois, são as ações do grupo com base no Afeganistão que aparentam estar desorganizadas e dispersas, com perda de capacidade da liderança jihadista para angariar novos militantes.A maior força da al-Qaeda em África está na Somália e no Mali.

Os tentáculos da al-Qaeda em solo sírio e iemenita foram silenciados por grupos rivais e a filial no Magrebe Islâmico perdeu em junho o seu líder argelino na sequência de um ataque de tropas francesas no Mali, não se conhecendo ainda um sucessor.

Segundo a BBC, a al-Qaeda enfrenta um desafio ideológico que implica uma modernização e flexibilização nos pilares da sua causa, isto se quiserem manter a identidade muçulmana e garantir novas militâncias para as suas fileiras.

Caso se mantenham fiéis aos princípios jihadistas, arriscam a alienar os muçulmanos, o que limitaria a capacidade operacional, pondo em causa a sobrevivência do grupo.
Facções ganham vida própria

Por outro lado, as cisões internas multiplicam-se e os vários braços armados da al-Qaeda original vão ganhando vida própria consoante os seus interesses nas regiões onde atuam.

Em março de 2017 foi criado o grupo Jamaat Nusrat al-Islam wal-Muslimin (JNIM), com base no Mali, mas que também opera no Burkina Faso e, ocasionalmente, no Níger. Será o segundo legado jihadista mais ativo a seguir ao al-Shabab, filiado da al-Qaeda na Somália.

Al-Shabab, BBC

A partir de um núcleo em Jerusalém, al-Shabab e JNIM encabeçaram uma campanha militar em 2019 a favor da “libertação da Palestina “, desenvolvendo uma propaganda ideológica que tem como bandeira a apresentação dos Estados Unidos como seu inimigo número um.

Ayman al-Zawahiri, BBC

Em maio deste ano, Ayman al-Zawahiri, o líder da al-Qaeda, apenas se deu a mostrar uma única vez e, segundo a BBC, terá sido espalhada a notícia sobre a sua morte entre os diversos grupos filiais da al-Qaeda.

Brad Rickerby, Reuters

Entretando, e com a crise mundial de saúde e os protestos raciais a assolar os EUA, o grupo jihadista tentou explorar apoios entre o público ocidental, nomeadamente em solo americano. Para a BBC, a mensagem dirigida aos americanos não terá tido grande impacto já que a memória do maior ataque terrorista em solo dos Estados Unidos, a 11 de setembro de 2001, continua ainda muito presente na mente da população.
pub