70 por cento das vítimas de tráfico humano são mulheres, afirma a ONU

Pretória, 25 Fev (Lusa) -- Um relatório das Nações Unidas hoje divulgado em Pretória conclui que 70 por cento das vítimas de tráfico humano no mundo são mulheres e entre 15 a 25 por cento são crianças.

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Apesar disso, salienta o relatório, entre 65 e 75 por cento dos autores de tal tráfico são também mulheres.

O estudo que deu origem ao Relatório Global sobre Tráfico de Pessoas, realizado pela Agências da ONU para as Drogas e Crime (UNODC) foi conduzido em 155 países, 63 por cento dos quais já aprovaram legislação contra esta prática.

"As mulheres desempenham um importante papel neste tráfico, muito mais do que homens e rapazes, as mulheres continuam a ser os indivíduos mais traficados em todo o mundo", referiu Jonathan Lucas, representante em Pretória da UNODC.

Por outro lado, o relatório estabeleceu também que as mulheres são os maiores autores do tráfico, sendo o número de mulheres condenadas por este crime 30 por cento mais alto do que a de homens.

A África do Sul é considerada um destino de tráfico humano e a causa mais comum prende-se com a prostituição.

Johan Kruger, coordenador regional do projecto sobre tráfico humano, salientou que as causas mais comuns ligadas ao crime de tráfico humano são a pobreza, em primeiro lugar, mas também a vontade de encontrar condições de vida mais seguras e estáveis.

A segunda razão apontada para tráfico humano por Kruger é o trabalho forçado.

Na África Ocidental e Central o trabalho forçado é a principal causa do tráfico humano, embora o tráfico para remoção de órgãos às vítimas seja também comum.

Dezanove por cento dos países onde se realizou o estudo, incluindo a África do Sul, não têm legislação que criminalize o tráfico humano.

Para Johan Kruger, é fundamental que os países passem legislação nesta área. Na África do Sul em particular, onde se realizará em 2010 a fase final do Mundial de futebol que deverá atrair grande número de visitantes estrangeiros, é provável que o tráfico de mulheres para prostituição aumente, alertou aquele responsável.

"Não é só a legislação geral que pode travar este fenómeno, é necessária legislação especializada capaz de lidar com o crime organizado", concluiu Kruger.

AP.


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