71 aviões de guerra chineses em exercícios junto a Taiwan

por Carla Quirino - RTP
Dado Ruvic - Reuters

A China enviou 71 aeronaves de guerra, incluindo dezenas de caças, para exercícios militares em torno de Taiwan, denunciou esta segunda-feira o Ministério da Defesa de Taipé. Pequim avançou que estas manobras são uma "resposta firme" ao anúncio norte-americano de apoio à ilha em matéria de defesa.

As autoridades de Taiwan apontam para uma das maiores incursões diárias de aviões militares chineses, até ao momento.

Entre as 6h00 de domingo e as 6h00 desta segunda-feira, 47 dos aviões chineses cruzaram a Zona de Identificação de Defesa Aérea da ilha (ADIZ), ao longo do Estreito de Taiwan.

Taipé disse ter monitorizado as manobras chinesas e denuncia que a fronteira não oficial no Estreito de Taiwan foi ultrapassada pela China.

De acordo com o Ministério da Defesa de Taiwan, os exercícios militares envolveram 18 caças J-16, 11 caças J-1, seis caças Su-30 e drones. No mar estiveram também vários navios de guerra da marinha chinesa.

A China justificou a realização destes “exercícios de ataque” no mar e no espaço aéreo em torno de Taiwan, nas últimas 24 horas, como resposta ao que considera ser uma provocação ao apoio dos EUA à autonomia da ilha.

Shi Yi, porta-voz do comando do exército chinês, invocou o projeto de lei de gastos com defesa dos EUA, onde a China se apresenta como um desafio estratégico para os norte-americanos, e por isso estes exercícios “são uma resposta firme à atual escalada e provocação EUA-Taiwan”, declarou. Washington autorizou um investimento de dez mil milhões de dólares (mais de 9,4 mil milhões de euros) de ajuda e venda de armas a Taiwan.

Taiwan é um território insular autogovernado por um governo democrático, localizado a leste da China. Pequim não reconhece independência e tem intensificado o assédio militar nos últimos anos, com o Exército Popular de Libertação do Partido Comunista a enviar quase diariamente aviões ou navios para as imediações da ilha.


A presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, reiterou a necessidade de Taiwan aumentar sua capacidade de defesa devido à “contínua expansão do autoritarismo”, embora não tenha feito menção à última atividade militar, segundo o jornal britânico The Guardian.

“Quanto melhor nos prepararmos, menos provável haverá tentativas precipitadas de agressão. Quanto mais unidos estivermos, mais forte e segura Taiwan se tornará”, sublinhou Tsai aos oficiais reunidos durante uma cerimónia militar nesta segunda-feira.
 
Pequim considera que as visitas de governos estrangeiros a Taiwan são gestos provocatórios à reivindicação de soberania da China e correspondem ao reconhecimento da ilha como território independente. Depois da visita da presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi, a Taiwan, em agosto, a China conduziu exercícios militares com fogo real ao largo da ilha.

O presidente chinês, Xi Jinping, já deixou claro que a "reunificação" de Taiwan não pode ser arrastada para as gerações futuras. Os voos militares para a ADIZ são vistos como uma forma de sondar as respostas defensivas de Taipé.
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