A economia privada na Coreia do Norte

por RTP
North Korea's Korean Central News Agency (KCNA)

Kim Jong-un é tido como o primeiro dirigente da dinastia a implementar reformas orientadas para o mercado, que têm fornecido crescimento económico à Coreia do Norte. Reformas que não vêm acompanhadas de maior liberdade individual, mas sim de execuções públicas.

A análise consta do jornal The Guardian, quando, secreta como sempre, a Coreia do Norte não liberta dados económicos oficiais. Há estimativas. Os especialistas citados pelo jornal são unânimes a afirmar que a Coreia do Norte tem registado um crescimento económico significativo: os pessimistas falam de um crescimento de 1,5 por cento enquanto os otimistas falam de 4 por cento.

A razão? O surgimento da economia privada. Formalmente, a atividade privada permanece ilegal. No entanto, basta o dono registar a empresa como propriedade do Estado. Estima-se que 30 a 50 por cento do Produto Interno Bruto da Coreia do Norte derive do setor privado. Idêntica estratégia nas propriedades, que veem os preços subirem. As casas não podem ser, teoricamente, propriedade privada, mas vende-se e compra-se “direitos de residência”.

Mudanças que surgem pela mão do jovem ditador Kim Jong-un que, ao contrário do pai, antecessor na dinastia, vai paulatinamente incentivando a economia de mercado.

Uma das reformas apontada como de sucesso é a da agricultura, semelhante à efetuada na China nos anos 70. Os campos, apesar de tecnicamente serem propriedade do estado, são dados para cultivo a agricultores individuais, que trabalham por uma quota da colheita (30 a 70 por cento).

Os resultados, diz o The Guardian, atingiram níveis recorde nos últimos anos e a Coreia do Norte está perto da auto-suficiência na produção de alimentos. Estima-se que este ano sejam de novo quebrados recordes.

Uma estratégia que se alarga à indústria, com descentralização e privatização parcial das indústrias do Estado. O quadro parece claro: Kim Jong-un quer aplicar um modelo de “capitalismo autoritário”, já usados em Taiwan, Coreia do Sul, China ou Vietname. Uma forma de atingir a prosperidade, mas em termos defenidos pelo regime.

Mas, ao contrário da China, estas mudanças não são acompanhadas de “abertura política”. As reformas económicas, apesar de benéficas e com alguns resultados na popularidade interna de Kim Jong-un, não deverão trazer mais liberdades pessoais. O líder é mais repressivo que o pai.

De acordo com o The Guardian, que a principal razão é que o Estado gémeo do sul tem níveis bastante superiores de riqueza. Na Coreia do Sul, o rendimento per capita é 15 vezes superior. Esta a principal razão para um nível de isolamento tão elevado, para que até possuir um rádio é crime. Tudo para evitar que a população do Norte conheça a realidade do Sul e que possa surgir um ímpeto revolucionário.

É por isso, diz o jornal, que a Coreia do Norte implementa uma liberalização económica, mas mantem as execuções públicas.

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