Abramovich diz em tribunal que não deve nem um cêntimo a Berezovsky
Londres, 31 out (Lusa) -- O multimilionário russo Roman Abramovich, processado em Londres pelo compatriota, ex-amigo e oligarca Boris Berezovsky, por questões de dinheiro, disse hoje em tribunal que nada deve ao outro empresário e que o processo é "um disparate", noticiou a AP.
Berezovsky, que pertenceu ao círculo do antigo presidente russo Boris Ieltsin e mais tarde pediu asilo político no Reino Unido, alegando ser perseguido por Vladimir Putin, ex-presidente e atual primeiro-ministro da Federação Russa, queixou-se à justiça de ser pressionado por Abramovich para vender as ações que possui na petrolífera Sibneft, propriedade dos dois empresários.
Abramovich, cuja fama aumentou depois de se tornar dono do clube de futebol londrino Chelsea, declarou em tribunal nunca ter assinado "um acordo legal" com Berezovsky relativamente à Sibneft.
Numa declaração escrita, Abramovich adiantou que Berezovsky "já lhe tinha ficado com elevadas somas de dinheiro" e não acredita que lhe deva pagar o quer que seja, nem em termos legais, nem morais.
Berezovsky, que fez fortuna durante as privatizações na Rússia no início dos anos 90, referiu em tribunal que nos tempos que se seguiram ao desmembramento da União Soviética foi um mentor para Abramovich, a quem tratava como um filho. Os dois, juntamente com um terceiro acionista, fundaram a Sibneft, vendida em 2005 à estatal russa Gazprom.
Abramovich, 45 anos, acrescentou no seu testemunho, que nunca foi protegido de Berezovsky, agora com 65 anos, nem este foi seu mentor.
O relacionamento entre os dois foi caracterizado por Abramovich com o termo russo `krysha`, uma espécie de padrinho político a quem pagava para o proteger.
O advogado de Abramovich disse mesmo que, entre 1995 e 2002, o seu cliente tinha pago a Berezovsky dois mil milhões de dólares, incluindo dinheiro para casas em França, aviões particulares, obras de arte e joias, insuficientes face à "desmesurada ambição" do oligarca.
O julgamento do caso deverá durar dois meses.