Ação da China oferece "janela de oportunidade" para deter coronavírus

por Andreia Martins - RTP
Reuters

O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS) considerou esta terça-feira que as fortes medidas que têm sido implementadas por Pequim contra o novo coronavírus constituem uma “janela de oportunidade” para impedir a propagação mundial da doença. Desde que começou, o vírus já fez 425 vítimas mortais e mais de 20400 infetados.

Numa sessão do Conselho Executivo da Organização Mundial de Saúde, em Genebra, o diretor-geral Tedros Adhanom Ghebreyesus considerou que há uma oportunidade relevante na luta contra o coronavírus, que tem a China como epicentro.  

O etíope pede que esta “janela de oportunidade”, com as fortes medidas preventivas tomadas pela China, não seja “desaproveitada”.

Na mesma sessão, o responsável também criticou a postura assumida pelos países mais desenvolvidos, considerando que têm tido atrasos significativos na partilha de informações sobre casos de contaminação pelo novo coronavírus.  

Tedros Adhanom Ghebreyesus apelou a uma maior solidariedade a nível internacional no combate à epidemia de pneumonia viral.

“Dos 176 casos relatados até agora fora da China, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recebeu formulários de notificação completos apenas para 38 por cento dos casos. Alguns países ricos estão a atrasar-se muito a compartilhar esses dados vitais com a OMS. Não penso que seja por falta de capacidades”, frisou.

Adhanom Ghebreyesus reiterou ainda o apelo deixado nos últimos dias para que os países não imponham restrições a viagens e comércio. Essas restrições, avisa, podem ter como efeito “o aumento do medo e do estigma, sem que se melhore significativamente a saúde pública”.  

"Nos países em que estas medidas tenham sido aplicadas, pedimos para que sejam de curta duração e proporcionais aos riscos para a saúde pública, e ainda que sejam revistas regularmente tendo em conta a evolução da situação”, apelou.
 
O diretor-geral da OMS disse ainda que já contactou todos os ministros da Saúde, pedindo que a partilha de dados fosse melhorada de imediato.

Para fazer face à propagação do vírus, Tedros Adhanom Ghebreyesus disse esta terça-feira que a OMS vai enviar máscaras, luvas e 18 mil roupas de proteção para um total de 24 países. Serão ainda enviados 250.000 kits para a deteção do vírus, de forma a permitir um diagnóstico mais rápido.   

A Organização Mundial de Saúde vai ainda enviar uma equipa de especialistas internacionais para ajudar a China a lidar com o novo coronavírus.

Até ao momento, na contabilização oficial desde dezembro de 2019, o novo coronavírus já fez 425 vítimas mortais e há mais de 20.400 casos de contaminação.

Na semana passada, a OMS declarou emergência global de Saúde Pública. Os números já ultrapassam, nesta altura, os que foram registados durante a epidemia de SARS, entre 2002 e 2003.  

Alguns países como os Estados Unidos, Austrália, Rússia, Japão e Paquistão estão a impedir a entrada de viajantes vindos da China ou que tenham estado em território chinês nas últimas duas semanas.  

No caso dos Estados Unidos, tal como com outros países europeus, quando se trata de cidadãos nacionais, os viajantes são colocados de quarentena durante o período de encubação do vírus (14 dias).

Na última sexta-feira, a OMS alertava que as restrições podem ser mais prejudiciais do que benéficas, impedindo a partilha de informações, prejudicando a economia e interferindo na cadeia de partilha de material médico.  

No início da semana, o Governo chinês acusou mesmo os Estados Unidos de estarem a gerar o “pânico” na resposta ao surto do novo coronavírus.  

“O Governo norte-americano não nos prestou nenhuma ajuda significativa. A única coisa que fez foi gerar e espalhar o medo, dando um péssimo exemplo” disse o porta-voz do Governo, Hua Chunying. 

(com agências internacionais)
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