"Acho que a Ucrânia pode vencer". Cimeira da NATO centrada na invasão russa

por Inês Moreira Santos - RTP
Yves Herman - Reuters

Até quarta-feira, a cidade holandesa de Haia é anfitriã da cimeira da NATO, a primeira reunião de alto nível de Donald Trump neste segundo mandato na Casa Branca, na qual se prevê um compromisso dos 32 países aliados para investirem mais em defesa e tendo o conflito na Ucrânia como uma dos temas centrais. O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte garantiu ao presidente ucraniano, já esta terça-feira, que os aliados "estão motivados" no apoio a Kiev. A maioria dos participantes concorda que o foco é garantir que a Ucrânia pode vencer a Rússia.

“Todos os aliados estão motivados. Espero que saiba que ouço de todos os aliados o empenho em manter-vos fortes, em manter a luta e em trazer esta guerra terrível a uma paz duradoura. Estão entre amigos”, disse Mark Rutte quando recebeu Volodymyr Zelensky na chegada à cimeira da NATO.

Num encontro à margem da cimeira, o secretário-geral da NATO garantiu ao chefe de Estado ucraniano que se esperam “decisões relevantes sobre a Ucrânia” e que a adesão do país à Aliança Atlântica é “um caminho irreversível”.

Posteriormente, numa conferência de imprensa conjunta, Rutte declarou que o objetivo é tornar a Ucrânia “tão forte que Vladimir Putin jamais pensará em voltar a aproximar-se” do território.

No mesmo sentido, o ministro polaco dos Negócios Estrangeiros considerou que “Putin acordou um gigante” e que, por isso, agora é preciso “gastar mesmo dinheiro em Defesa”. Radosław Sikorski disse ainda que o foco é ajudar a Ucrânia a vencer a agressão russa.

“Acreditamos que impedir a Rússia de vencer ou de fazer o que Vladimir Putin acabou de reafirmar há três dias – que quer toda a Ucrânia – (…) e é nisso que nos devemos concentrar”, declarou na cimeira o governante polaco.

À margem deste encontro de aliados da NATO, o indicado pelo presidente norte-americano para se tornar o principal general dos Estados Unidos na Europa afirmou que acredita que a Ucrânia pode prevalecer contra a invasão russa.

“Acredito que a Ucrânia pode vencer”, disse o Tenente-General da Força Aérea, Alexus Grynkewich, citado pela Reuters.

“Acho que sempre que a nossa própria terra natal é ameaçada, lutamos com uma tenacidade que é difícil de descrever”.
Modo de investir em Defesa é tão importante como o montante
Todos os participantes têm como clara a necessidade de aumentar o investimento em Defesa, numa altura de incerteza e de conflitos geopolíticos. Num discurso durante a cimeira, esta terça-feira, a presidente da Comissão Europeia recordou que a forma como se investe é “tão importante” como o montante e que é necessário rever o papel da União Europeia na ligação das indústrias dos países da NATO

"A Europa da Defesa acordou finalmente. Amanhã [quarta-feira], esta cimeira estabelecerá novos objetivos históricos de despesa para os Aliados da NATO. Mas a forma como investimos é tão importante como o montante que investimos", realçou Ursula von der Leyen.

A líder do executivo comunitário considerou ainda que a invasão da Ucrânia pela Rússia "mudou [o conceito tradicional] a guerra" e que, se por um lado, "consumiu mais equipamento do que qualquer outra", por outro lado, algumas "batalhas foram vencidas ou perdidas devido ao 'software', aos sistemas de interferência e à Inteligência Artificial". Nesse sentido, Von der Leyen sublinhou que é necessário que se reabasteçam reservas, mas que os países têm também de "modernizar sistemas antigos e responder às novas necessidades tecnológicas".

"Isto é vital para uma dissuasão credível, e a União Europeia tem um papel importante a desempenhar neste domínio. Enquanto a NATO estabelece os padrões e os objetivos de capacidade para os aliados, a nossa União pode ajudar a ligar os pontos entre as diferentes indústrias, entre civis e militares e entre países da NATO e países não pertencentes à NATO", realçou.

Pouco antes da reunião entre o principal representante político da NATO e os da União Europeia, o presidente ucraniano alertou que os objetivos do homólogo russo, Vladimir Putin, “não se circunscrevem à Ucrânia”.

Volodymyr Zelensky considerou que Vladimir Putin precisa de continuar a guerra no território ucraniano para assegurar que não é deposto: “Enquanto Putin conseguir matar, Putin vive.”
O presidente ucraniano pediu novamente apoio na "cidade da justiça" para a Ucrânia face à contínua ofensiva russa.

Numa altura em que começa em Haia a cimeira da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), Zelensky pediu mais meios em defesa aérea, nomeadamente drones, pedindo liderança europeia na produção de drones.
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