Acordo com o Hamas. Israel exige libertação de reféns, Washington volta a pedir fim dos ataques

As negociações para alcançar um acordo de paz entre Israel e o Hamas continuam em curso. Donald Trump exige que parem "imediatamente" os ataques israelitas, mas a Faixa de Gaza continua a ser alvo de bombardeamentos. O primeiro-ministro israelita já afirmou que não vai cumprir o plano proposto pelos Estados Unidos até que o movimento islâmico palestiniano liberte todos os reféns, embora o secretário de Estado norte-americano tenha reforçado que só acordo com um cessar-fogo em território palestiniano.

Inês Moreira Santos - RTP /
Ronen Zvulun - Reuters

Horas antes de serem retomadas as reuniões com os negociadores de ambas as partes e mediadores, o Hamas afirmou estar “muito interessado em chegar a um acordo para cessar a guerra e iniciar imediatamente o processo de troca de prisioneiros de acordo com as condições de campo”

Fonte anónima do movimento islâmico palestiniano frisou que “é essencial que Israel interrompa as operações militares em todas as áreas da Faixa de Gaza, cesse todas as atividades aéreas, de reconhecimento e de drones e se retire de dentro da Cidade de Gaza”.

“Paralelamente à cessação da atividade militar israelita, o Hamas e as fações da resistência também interromperão as próprias operações e ações militares”, acrescentou a fonte, citada pela AFP.

Dois dias antes do segundo aniversário do ataque sem precedentes do movimento islâmico palestiniano Hamas contra Israel que desencadeou a guerra, o exército israelita continuou os seus bombardeamentos na Cidade de Gaza, matando pelo menos cinco pessoas, segundo a Defesa Civil local. 
Israel exige que reféns sejam libertados antes

As atuais negociações baseiam-se no plano do presidente dos Estados Unidos, que enviou o enviado Steve Witkoff e o genro Jared Kushner ao Cairo para ajudarem a finalizar as discussões sobre as condições para a libertação dos reféns sequestrados durante o ataque de 7 de outubro de 2023.


Benjamin Netanyahu alertou que não cumprirá o resto do plano de paz proposto pelos Estados Unidos até que o grupo islamita palestiniano Hamas liberte todos os reféns, vivos e mortos.

"Não avançaremos com nenhum dos artigos do plano até que a libertação dos reféns, vivos e mortos, e a sua transferência para território israelita seja concretizada", declarou Netanyahu durante um fórum, citado pelo Canal 12 de Israel.

Esta é considerada a primeira e mais importante questão entre os 20 pontos do plano de paz para Gaza apresentado por Trump. Netanyahu insistiu ainda em estabelecer um calendário para a implementação do acordo.

O Ministro israelita da Defesa, Israel Katz, foi ainda mais taxativo, alertando o Hamas que os reféns serão libertados de uma forma ou de outra.

"Se o Hamas se recusar a libertar os reféns, as Forças de Defesa de Israel (IDF) intensificarão o seu fogo até que o Hamas seja derrotado e o regresso de todos esteja garantido",
declarou durante a sua visita a um memorial às vítimas da guerra de 1973 contra o Egito e a Síria, conhecida como Guerra do Yom Kippur.

Israel e o Hamas vão iniciar na segunda-feira, na cidade egípcia de El-Arish, as negociações sobre o plano de Trump, que parece extremamente complexo.
Negociações difíceis
A guerra em Gaza ainda não tem fim à vista e o trabalho vai continuar depois de Israel e o Hamas chegarem a acordo, na opinião do secretário de Estado dos EUA.

"Saberemos muito rapidamente se o Hamas está a falar a sério ou não, pela forma como essas negociações técnicas ocorrerem em termos de logística", disse Marco Rubio, secretário de Estado dos EUA, no programa Meet the Press da NBC News sobre a libertação de reféns de Gaza, reconhecendo que a segunda fase do plano de Trump, na qual se espera que o desarmamento e a desmobilização sejam discutidos, será “difícil”.

O responsável norte-americano afirmou que o Hamas "basicamente" concordou com a proposta de Trump e a estrutura para a libertação dos reféns.

“Eles também concordaram, em princípio e em termos gerais, em discutir essa ideia sobre o que vai acontecer depois”, disse Rubio. “Muitos detalhes têm de ser resolvidos depois”.

“Todo esse trabalho vai ser difícil, mas é fundamental, porque sem isso não teremos paz duradoura”, acrescentou. 

“Assim que chegarem a um acordo sobre as questões logísticas, acredito que os israelitas e todos os outros reconhecerão que é impossível libertar reféns no meio de ataques, pelo que terão de parar”, afirmou Rubio, que sublinhou ainda que o acordo deve ser alcançado rapidamente.

“Acho que os israelitas e todos reconhecem que não se pode libertar reféns no meio de ataques, por isso os ataques terão que parar”
, afirmou o chefe da diplomacia norte-americana.

Para além da criação de um Governo de transição, supervisionado por Trump e pelo ex-primeiro-ministro Tony Blair, o plano apresentado, na segunda-feira, por Washington determina o fim imediato da guerra e a libertação dos reféns.

O documento prevê ainda a desmilitarização da Faixa de Gaza. Numa entrevista à CNN este domingo, Trump afirmou que o Hamas enfrentará "completa aniquilação" se recusar abrir mão do poder e do controlo de Gaza.

c/agências
PUB