Acordo de paz para a Ucrânia. Zelensky reúne-se com aliados europeus em Londres e Bruxelas

O presidente da Ucrânia encontra-se com os aliados europeus, esta segunda-feira, em Londres para negociações com vista ao fim da guerra com a Rússia. Mais tarde será recebido em Bruxelas pelo secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO).

RTP /
Valentyn Ogirenko - Reuters

A visita de Volodymyr Zelensky ao Reino Unido ocorre numa altura em que tem aumentado a pressão da Administração Trump para que Kiev ceda território a Moscovo. O presidente ucraniano vai reunir-se com o primeiro-ministro britânico, com o presidente francês e com o chanceler alemão. Há ainda a possibilidade de outros líderes europeus se juntarem por videoconferência.

As conversações na capital britânica acontecem após vários dias de negociações entre autoridades norte-americanas e ucranianas, que terminaram no sábado sem progressos aparentes. Segundo Zelensky, as negociações dos últimos dias foram "construtivas, embora não fáceis".

Na mensagem diária, Zelensky agradeceu a prontidão dos negociadores norte-americanos.

"Continuamos a trabalhar. Algumas coisas só podem ser discutidas em pessoa", adiantou o líder ucraniano, que anunciou as conversações com "os líderes europeus".

"Temos reunião planeadas em Londres, assim como em Bruxelas".

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, recebeu esta manhã no número 10 de Downing Street o presidente ucraniano, juntamente com o presidente francês, Emmanuel Macron, e o chanceler alemão, Friedrich Merz. Mas ainda hoje os presidentes do Conselho Europeu, António Costa, e da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o secretário-geral da NATO e Volodymyr Zelensky vão encontrar-se na residência oficial de Mark Rutte em Bruxelas.

Em comunicado, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) dá conta de que o secretário-geral, Mark Rutte, vai receber o Presidente da Ucrânia e os dois principais representantes da União Europeia (UE) na residência oficial.

Questão territorial continua a ser a mais problemática

Apesar das várias rondas de negociações, a questão territorial continua a ser a mais problemática nas negociações para o fim da guerra na Ucrânia.
Segundo um alto responsável citado pela AFP, que foi informado sobre as últimas rondas de negociações entre a Ucrânia e os Estados Unidos da América no fim de semana, aquela exigência “mantém-se e é a questão mais problemática”.

“Vladimir Putin [presidente russo] não quer concluir um acordo sem território. Por isso, eles [russos] estão a analisar todas as opções para garantir que a Ucrânia cede território no Donbass”, na região leste do país parcialmente ocupada pela Rússia, adiantou.

A Rússia, que controla a maior parte dos Donbass, quer obter todo o território, uma exigência repetidamente rejeitada por Kiev. E segundo a mesma fonte, Washington está a pressionar a Ucrânia para que aprove rapidamente um plano para terminar a guerra, mas Kiev “não pode aceitar tudo sem examinar os detalhes”.

O presidente dos Estados Unidos disse, no domingo, que as pessoas à volta do presidente ucraniano adoram o plano de paz. Donald Trump afirmou ainda estar dececionado com a atitude de Zelensky.

"Devo dizer que estou um pouco desiludido por o presidente Zelensky ainda não ter lido a proposta", admitiu o presidente dos EUA. "O seu povo adora-a, mas ele não".

Trump acredita que a "Rússia preferia ter todo o país", mas que apesar disso "está de acordo" com a proposta.

"Mas não tenho a certeza se Zelensky esteja de acordo", acrescentou. E repetiu: "O seu povo adora-a. Mas ele não a leu".

Os Estados Unidos apresentaram há quase três semanas uma proposta inicial com 28 pontos, que a União Europeia e a Ucrânia consideraram que favorecia Moscovo, e que não incorporou contributos da União Europeia ou da Ucrânia.

Destinado a pôr fim ao conflito desencadeado pela ofensiva russa contra a Ucrânia em fevereiro de 2022, o plano foi alterado substancialmente após várias sessões de negociações com os ucranianos em Genebra (Suíça) e na Florida (EUA), para tentar alterar o texto em favor de Kiev. O documento foi apresentado na terça-feira ao presidente russo, durante uma visita a Moscovo do enviado presidencial norte-americano, Steve Witkoff, e do genro do presidente norte-americano e mediador informal, Jared Kushner.

Após três dias de negociações na Florida entre as autoridades ucranianas e norte-americanas, não houve avanços significativos no sábado.
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