O plano de paz entre Israel e os palestinianos, proposto pelos Estados Unidos, não inclui um Estado Palestiniano totalmente soberano, segundo publicou The Washington Post este domingo.
Segundo o relato do Washington Post, baseado em comentários de Jared Kushner, genro do presidente dos Estados Unidos, e de outras autoridades americanas envolvidas, "o plano elimina a condição de Estado como a premissa inicial dos esforços de paz".
O mesmo documento refere ainda outros comentários que sugerem que "Kushner e outras autoridades dos EUA associaram a paz e o desenvolvimento económico ao reconhecimento árabe de Israel e à aceitação de uma versão do statu quo na autonomia palestiniana", em oposição à “soberania”.
Kushner afirmou que o plano se sustentava em quatro pilares: liberdade, respeito, segurança e oportunidade para todas as partes envolvidas. As principais propostas têm-se centrado nas preocupações e questões de segurança de Israel, prevendo grandes obras de infraestruturas.
Por seu lado, o primeiro-ministro Israelita, Benjamin Netanyahu, aquando das recentes eleições, prometeu considerar o plano de paz de Trump, que “vai pedir concessões de ambos os lados”, informou o Washington Post.
Na mesma altura, ex-líderes europeus apelaram, numa carta conjunta publicada no diário Haaretz, à defesa do plano de paz que inclua a criação do Estado Palestiniano, por parte da União Europeia. No documento, os 37 antigos chefes de Estado, primeiros-ministros e ministros dos Negócios Estrangeiros que o assinaram, pediram à UE que reafirmasse o seu apoio ao estabelecimento de dois Estados e que rejeitasse o plano de paz proposto pelo Governo de Trump, caso este não previsse a referida solução e violasse o direito internacional.
“Em parceria com anteriores administrações dos EUA, a Europa promoveu uma resolução justa para o conflito israelo-palestiniano no contexto de uma solução de dois Estados. Até hoje, apesar dos reveses subsequentes, o acordo de Oslo ainda é um marco na cooperação transatlântica em política externa”, declararam os ex-líderes europeus.
Em conclusão, os signatários afirmam que "a Europa deve adotar e promover um plano que respeite os princípios básicos do direito internacional, conforme refletido nos parâmetros acordados pela UE para uma resolução para o conflito israelo-palestiniano".
Entre os signatários da carta estão o ex-primeiro-ministro francês Jean-Marc Ayrault, os ex-ministros dos Negócios Estrangeiros britânicos David Miliband e Jack Straw, o ex-Chanceler alemão Sigmar Gabriel e o ex- alto representante da UE para Política Externa e de Segurança Javier Solana.
O “Acordo do Século”, liderado por Kushner, não tem data prevista para a sua apresentação mas deve ser apresentado até ao final do ano.