Açores querem estreitar relações com Rio Grande do Sul 270 anos após povoamento
O diretor regional das Comunidades dos Açores manifestou hoje o desejo do Governo Regional em "estreitar, cada vez mais, as relações" do arquipélago com o Estado do Rio Grande do Sul, no Brasil, fundado por açorianos há 270 anos.
"Gostaríamos de estreitar, cada vez mais, as relações entre a Região Autónoma dos Açores e o Estado de Rio Grande do Sul", afirmou José Andrade, na sessão de apresentação de cumprimentos ao Governador do Estado do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, no Palácio Piratini.
O diretor regional das Comunidades falava "em nome do presidente do Governo Regional dos Açores", José Manuel Bolieiro, no primeiro dia de uma visita oficial ao Brasil que começou sem o presidente do executivo de coligação PSD/CDS-PP/PPM, por causa da crise sísmica em São Jorge, sem o vice-presidente, por motivos de saúde, e sem o secretário Regional da Agricultura, que na quarta-feira teve problemas no embarque e deve chegar esta tarde a Porto Alegre (onde são menos três horas do que em Lisboa e menos duas do que nos Açores).
"Somos nove ilhas que, desde sempre, tiveram uma relação especial com o Brasil. Temos um passado marcante e um futuro que pode ser muito importante para reforçar, de parte a parte, essa nossa relação de proximidade de intercambio e cooperação", vincou o diretor regional.
Em declarações aos jornalistas, o Governador Eduardo Leite destacou a importância do encontro para "reforçar os laços" existentes e, "quem sabe, construir parcerias em direção ao futuro".
"Antes de qualquer coisa, é importante valorizar culturalmente, no momento em que celebramos o aniversário da capital do Estado, os 250 anos de Porto Alegre, olhar para trás, para o que trazemos de herança dos açorianos que fundaram a cidade e reforçar esta identidade", explicou.
Para o Governador do Rio Grande do Sul, "é sempre mais fácil estabelecer parcerias, negócios ou intercâmbios" quando existe "a identidade e proximidade da língua e da cultura".
"Isso torna o ambiente mais favorável para construir o que pode ajudar a melhorar a vida das pessoas. Propósito de quem está na vida pública é fazer a vida das pessoas mais felizes", observou.
Na cerimónia, José Andrade quis deixar ao Governador "um abraço de agradecimento ao povo gaúcho".
"Estamos tão longe no tempo e no espaço, mas sentimos tão perto no coração. Sinto que não somos sequer dois povos irmão. Somos um povo único separados pelo [oceano] Atlântico", disse.
O diretor regional agradeceu também ao povo de Rio Grande do Sul a "resiliência para honrar e dignificar a marca identitária açoriana", e ao Governo do Estado por ter "valorizado a comemoração" dos 270 anos do povoamento açoriano de Rio Grande do Sul.
Sobre a ausência do presidente do Governo Regional, que até terça-feira tinha previsto viajar para o Brasil, José Andrade lembrou que os Açores são nove ilhas que têm de "superar os desafios da natureza".
"São ilhas de origem vulcânica e temos uma crise muito preocupante. Só por essa razão o Presidente do Governo, tendo embora iniciado a viagem, teve de retornar, para poder estar ao lado do povo açoriano", justificou.
"Trata-se da nossa ilha de São de Jorge, no centro do grupo central dos açores, como se fosse o coração da nossa geografia insular", acrescentou.
Quanto à ausência de Artur Lima, vice-presidente do Governo, o diretor regional notou que foi "confrontado com um problema de saúde que o impediu de viajar".
"Mas cá estamos a trazer abraço açoriano, para nos associarmos às comemorações oficiais", sublinhou.
Da comitiva açoriana no Brasil fazem parte o líder da bancada do PSD na Assembleia Legislativa dos Açores, João Bruto da Costa, o deputado do PS e vice-presidente da mesa da Assembleia Legislativa, João Vasco Costa, os deputados do PPM e do Chega, Paulo Estêvão e José Pacheco, respetivamente.
Viajaram também para Porto Alegre os presidentes das câmaras da Ribeira Grande, em São Miguel, e da Horta, no Faial, por serem cidades geminadas com Porto Alegre, cuja data oficial da fundação é 26 de março de 1772, há 250 anos.
Integram ainda a comitiva a presidente da Casa dos Açores do Estado do Rio Grande do Sul, Viviane Peixoto Hunter, e o conselheiro da Diáspora Açoriana no Estado do Rio Grande do Sul, Régis Marques Gomes.
Estava prevista a presença da deputada do CDS-PP Catarina Cabeceiras que, por residir em São Jorge, optou por ficar devido à atividade sísmica que se sente na ilha desde sábado.
Na quarta-feira, o CIVISA elevou o nível de alerta vulcânico na ilha de São Jorge para V4 (de um total de cinco), o que significa "possibilidade real de erupção".