Activista Vittorio Arrigoni executado na cidade de Gaza

Um grupo salafita ligado à al Qaeda, que atua na Faixa de Gaza, assassinou o ativista italiano Vittorio Arrigoni, dando seguimento às ameaças deixadas num vídeo no canal Youtube. O Al Tawhid Wal Jihad (Monoteísmo e Guerra Santa) pretendia usar o italiano para forçar o Hamas a libertar membros do grupo que se encontram encarcerados em prisões de Gaza. Um dia apenas após o sequestro precipitou a sua execução.

RTP /
Vittorio Arrigoni era um activista , bloguer e jornalista freelancer que há anos trabalhava com agricultores e pescadores palestinianos www.globalvoicesonline.org

O corpo de Vittorio Arrigoni, de 36 anos, foi encontrado num apartamento de Gaza por membros do serviço de segurança do Hamas, escassas horas após os radicais salafistas terem divulgado um vídeo com as suas reivindicações.

"O italiano foi executado por sufocamento e o seu corpo foi encontrado numa rua de Gaza", apontou à agência France Press um porta-voz dos serviços de segurança do movimento islamista Hamas. Esta versão não é totalmente confirmada por outras fontes, em particular a Al Jazeera, cujo correspondente na Faixa de Gaza escreve tanto sobre as incertezas relativamente à forma como Arrigoni foi executado, como também sobre o local onde o corpo foi encontrado.

Arrigoni, sequestrado esta quinta-feira, deveria servir de moeda de troca com os membros do grupo que se encontram presos nas cadeias palestinianas. O grupo Al Tawhid Wal Jihad – já envolvido em vários atentados contra turistas estrangeiros na península do Sinai - estabeleceu-se na Faixa de Gaza em 2004 e desde então tem confrontado o Hamas, que considera demasiado moderado.

O italiano "entrou no nosso território para espalhar a corrupção", declarava o grupo salafita, descrevendo ainda a Itália como "um Estado infiel".

O Hamas anunciou entretanto duas detenções logo após a descoberta do corpo do ativista e bloguer italiano, acrescentando que estarão na forja outras detenções ligadas à autoria do crime.

O governo do Hamas reagiu de imediato em conferência de imprensa para "condenar este crime horrendo que não corresponde ás nossas tradições e hábitos e confirmamos que vamos continuar a perseguir os membros deste grupo, prendê-los e condená-los de acordo com a lei".

Italiano trabalhava com pescadores de Gaza
Vittorio Arrigoni era membro da ONG Solidariedade Internacional e chegara à Faixa de Gaza há três anos, a bordo de um barco de ajuda internacional. Vivia atualmente na cidade de Gaza, capital do território palestiniano governado pelos radicais do Hamas.

O italiano trabalhava na ONG Solidariedade Internacional Gaza e trabalhava com agricultores e pescadores palestinianos, sendo membro assíduo nos protestos contra o bloqueio imposto por Israel à Faixa de Gaza.

A sua última imagem surge no vídeo colocado no Youtube pelo grupo radical salafita. Vittorio Arrigoni aparece vendado, com sangue no olho direito, e com uma mão a segurá-lo pelo cabelo.

O ativista italiano é o primeiro cidadão estrangeiro a ser sequestrado em Gaza desde o caso em 2007 do jornalista da BBC Alan Johnston, cujo desfecho acabaria por ser então mais feliz. Ao fim de 114 dias de cativeiro, Johnston seria libertado pelos seus raptores, membros do Exército do Islão.

Entretanto, o Governo italiano já veio condenar o assassinato de Vittorio Arrigoni, considerando que se tratou de uma "morte bárbara". Num comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros "condena da maneira mais firme o gesto de violência vil e insensato cometido por extremistas indiferentes ao valor da vida humana".
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