ADI acusa presidente do parlamento de querer autoproclamar-se Presidente da República

por Lusa

O partido Ação Democrática Independente (ADI), na oposição são-tomense, acusou hoje o presidente do parlamento, Delfim Neves, de orquestrar um golpe para se autoproclamar Presidente interino de São Tomé e Príncipe.

O secretário-geral do ADI, Américo Ramos, afirmou que o presidente do parlamento, Delfim Neves, "decidiu sozinho adiar" por duas vezes a sessão plenária que deveria marcar o dia da segunda volta das eleições presidenciais.

"O que está por detrás, mais uma vez, é a orquestração de um golpe palaciano que visa perturbar as eleições em São Tomé e Príncipe e retirar ao povo são-tomense o seu direito livre de se expressar nesta eleição", acrescentou Américo Ramos.

A Assembleia Nacional (parlamento) são-tomense deverá aprovar uma lei excecional para a realização da segunda volta das eleições presidenciais em 29 de agosto, conforme proposta submetida pela Comissão Eleitoral Nacional (CEN).

O ADI considera que a tentativa de atrasar o processo eleitoral "é uma estratégia que visa declarar que o Presidente da República tenha o seu mandato findo no dia 03 de setembro", e que a partir desta data "quem se torna Presidente de São Tomé e Príncipe por um período não definido é o senhor Delfim Neves".

O presidente do parlamento, salienta o partido, enquanto candidato às presidenciais, apresentou um recurso no Tribunal Constitucional para a anulação do ato eleitoral realizado em 18 de julho.

O secretário-geral do maior partido da oposição defendeu que essa possibilidade "é uma violação clara da Constituição", e considera que "é um golpe de Estado" orquestrado por Delfim Neves, presidente do parlamento são-tomense, que foi o terceiro candidato mais votado na primeira volta das eleições realizadas em 18 de julho.

"Chamamos atenção, mais uma vez, ao MLSTP para não se tornar cúmplice (...) desse golpe de Estado que irá ter consequências gravíssimas para o futuro de São Tomé e Príncipe, para a estabilidade das instituições e para a paz social", alertou Américo Ramos.

O secretário-geral do ADI avisou que o Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe/Partido Social Democrata (MLSTP/PSD), "será o último e único culpado de tudo que irá acontecer" no país.

Também à comunidade internacional, Américo Ramos deixou um alerta de que "São Tomé e Príncipe está a beira do colapso".

O calendário eleitoral são-tomense previa a realização da segunda volta das eleições em 08 de agosto, mas tal não foi possível por causa de um contencioso eleitoral, interposto pelo terceiro candidato mais votado, Delfim Neves, que gerou uma crise no país e paralisou o Tribunal Constitucional estagnando o processo eleitoral por quase duas semanas.

A nova data indicada pela CEN prevê a proclamação dos resultados definitivos em 12 de setembro, mas o Presidente da República eleito deveria tomar posse em 03 de setembro.

O candidato Carlos Vila Nova, apoiado pelo ADI, foi o mais votado na primeira volta das eleições presidenciais realizadas em 18 de julho, registando 43,3% dos votos. Guilherme Posser da Costa, apoiado pelo MLSTP/PSD foi o segundo mais votado, com 20,7% dos votos.

Após a proclamação dos resultados provisórios foram realizadas várias manifestações, trocas de acusações e denúncias de fraudes por causa do ato eleitoral.

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