África do Sul reabre investigação sobre a morte do ativista Steve Biko
O Ministério Público sul-africano anunciou esta segunda-feira a reabertura da investigação sobre a morte do ativista negro `anti-apartheid` Steve Biko, quase 50 anos após a sua morte numa cela em Pretória, capital da África do Sul.
Steve Biko, fundador do Movimento da Consciência Negra, morreu aos 30 anos em 1977, após ter sido espancado até entrar em coma pela polícia que o havia detido um mês antes.
A sua morte provocou uma onda de indignação em todo o mundo, tornando-o um símbolo da luta contra o sistema segregacionista do `apartheid` na África do Sul, que negava todos os direitos políticos e económicos à maioria negra do país.
A investigação será reaberta sexta-feira, 12 de setembro, data do 48.º aniversário da morte de Steve Biko, tendo como objetivo principal "apresentar ao tribunal provas que lhe permitam determinar se a morte foi causada por um ato ou omissão que (...) implique ou equivalha a uma infração por parte de uma pessoa", declarou a Autoridade Nacional de Acusação (NPA).
Segundo a investigação de 1977, a versão da polícia sul-africana de que Steve Biko se feriu ao bater com a cabeça contra uma parede foi aceite e ninguém foi processado pela morte do ativista.
Após 20 anos, em 1997, ex-polícias confessaram ter agredido o ativista, durante as audiências conduzidas pela Comissão da Verdade e Reconciliação sobre os crimes cometidos durante o período do `apartheid`.
A Comissão recusou conceder amnistia aos policiais, considerando que mentiram nos depoimentos e não provaram a existência de um motivo político para o assassinato de Steve Biko.
A história do ativista inspirou "Biko", a canção contra o `apartheid` do cantor britânico Peter Gabriel, em 1980, e depois o filme "Cry Freedom" de Richard Attenborough.