África exige lugar permanente no Conselho de Segurança da ONU

O vice-presidente da Guiné Equatorial, Teodoro Nguema Obiang Mangue, exigiu esta quinta-feira um lugar permanente para o continente africano no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

Lusa /

"África exige o que lhe é de direito: representação plena e permanente no mais importante órgão de segurança do mundo", disse "Teodorin" Obiang, como é conhecido no seu país, na quinta-feira, durante a 80.ª Sessão da Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque.

O Conselho de Segurança é composto por cinco membros permanentes (China, Estados Unidos, França, Reino Unido e Rússia), que têm poder de veto, e dez não permanentes, eleitos por períodos de dois anos.

"As Nações Unidas foram paralisadas por interesses individuais e limitadas por plataformas institucionais que já não refletem a realidade do mundo atual", defendeu o vice-presidente da Guiné Equatorial, filho do Presidente Teodoro Obiang Nguema, 83 anos, no poder após um golpe de Estado em 1979, que detém o registo do chefe de Estado há mais tempo em funções no mundo.

"Exigimos um Conselho de Segurança que represente o mundo de hoje e não o mundo de ontem", disse Mangue, apontando para uma reforma deste órgão como "uma necessidade urgente".

"Sem esta reforma, o Conselho de Segurança continuará a ser percebido como um clube exclusivo de privilégios históricos, impotente para responder legitimamente às ameaças atuais", disse o dirigente do país membro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

"Queremos ver um sistema de governança internacional que sirva os interesses de todos nós, e não os de uma elite", acrescentou o vice-presidente.

"O Conselho de Segurança é talvez o exemplo mais claro do grau de desfasamento das Nações Unidas. A legitimidade e a representatividade das Nações Unidas são, com razão, questionadas", lamentou Teodorin.

O dirigente apelou a "passos reais para uma ação coletiva mais democrática, mais equitativa e eficaz", para evitar "uma ONU cada vez mais à margem e com cada vez menos peso na arena internacional".

Apontando "os conflitos armados, as alterações climáticas [e] as crescentes desigualdades crescentes" como alguns dos principais desafios da humanidade, Mangue lamentou que a resposta da ONU tenha, "muitas vezes", sido insuficiente.

As metas para o desenvolvimento sustentável "perdem o sentido enquanto milhões permanecem marginalizados em sistemas de dependência e exclusão", disse ainda vice-presidente.

"Os países mais vulneráveis são afetados de forma desproporcional pelas alterações climáticas. Ao mesmo tempo, os maiores emissores [de carbono] adiam a implementação dos compromissos", lamentou o líder equato-guineense.

"A justiça climática não é um gesto simbólico, é uma obrigação moral e legal", acrescentou o dirigente africano.

A descoberta de reservas de petróleo ao largo da costa equato-guineense por empresas dos Estados Unidos, em 1996, tornou a Guiné Equatorial um dos países com maior rendimento `per capita` em África.

No entanto, 70% da população equato-guineense vive abaixo do nível de pobreza e país ocupava em 2024 o 133.º lugar entre 193 Estados no Índice de Desenvolvimento Humano do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento.

Mangue garantiu o compromisso da Guiné Equatorial com o "direito à segurança alimentar, à habitação, à água potável e à utilização dos recursos naturais".

"Sem a dignidade obtida através do conforto de meios materiais, a liberdade é um ideal vazio", alertou o dirigente.

A Guiné Equatorial é considerada a terceira nação mais corrupta do continente africano, descendo um lugar, para o 173.º, entre 180, no Índice de Perceção da Corrupção, segundo um relatório divulgado em janeiro.

De acordo com o relatório de 2025 da Freedom House, que pontuou os "direitos políticos e liberdades civis" em 195 países e 13 territórios durante o ano civil de 2024, a Guiné Equatorial está entre as nações africanas com pior classificação, na categoria `Não Livre`, tendo obtido cinco pontos em 100, os mesmos que em 2023.

 

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