AI devia ajudar a julgar Saddam em vez de criticar os EUA, diz Washington
O Departamento de Estado norte-americano declarou hoje que a Amnistia Internacional (AI) faria melhor ajudando a justiça iraquiana a julgar Saddam Hussein, do que acusando os Estados Unidos de torturar suspeitos de terrorismo em Guantanamo (Cuba).
"Durante o regime de Saddam Hussein, a AI liderou as denúncias de abusos dos direitos humanos no Iraque, que eram terríveis", afirmou Sean McCormack, porta-voz da diplomacia de Washington.
"Mas, quando se trata do julgamento de Saddam Hussein, pauta pela ausência, nada faz para ajudar", acrescentou a mesma fonte, sugerindo à AI que, "fiel aos seus arquivos, preste assistência e apoie o processo contra quem considera um dos piores violadores dos direitos humanos de todos os tempos".
McCormack sugeriu que a AI entregue à justiça iraquiana os seus arquivos relativos aos abusos cometidos durante o regime de Saddam Hussein.
Por outro lado, desmentiu frontalmente as alegações da AI de que os reclusos na base naval norte-americana em Guantanamo sejam submetidos a "maus-tratos e tortura".
"Ninguém é torturado em Guantanamo", frisou.
No seu relatório anual, divulgado hoje, a AI põe a nu a detenção sem culpa formada, ou julgamento, de milhares de suspeitos de terrorismo, não só em Guantanamo, como também no Iraque e no Afeganistão, bem como o "desaparecimento" de outros na rede secreta de centros de detenção da CIA em vários países.
É a segunda vez, numa semana, que os Estados Unidos são acusados de tortura.
Na passada sexta-feira, o Comité Contra a Tortura da ONU instou Washington a encerrar Guantanamo e a tomar medidas radicais contra esta prática pelas suas forças no Iraque e no Afeganistão.
"Ninguém quer Guantanamo a funcionar indefinidamente, mas entretanto é útil para tirar de circulação indivíduos que constituem uma ameaça nomeadamente para os norte-americanos", disse ainda McCormack.