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Airbnb põe de parte o negócio dos colonatos israelitas
Após anos a alinhar na parceria com os colonos israelitas que ocupam terra roubada ao povo palestiniano, a plataforma Airbnb decidiu retirar das suas listas as habitações dos colonatos judeus dos territórios “ocupados” da Cisjordânia. Em retaliação, Telavive lançou uma ofensiva contra as operações da Airbnb e prepara-se para restringir a actividade da empresa em Israel.
A decisão da Airbnb de retirar das suas listas a oferta de casas dos colonatos “no território ocupado da Cisjordânia” é uma resolução que coloca a empresa em acordo com as leis internacionais. Apesar de Israel fazer ouvidos de mercador a estas posições, a grande maioria dos países e potências mundiais há muito que classificam de ilegal a introdução de colonatos israelitas em terra palestiniana.Colonatos: território palestiniano sequestrado por Israel para instalar urbanizações. São reclamados pelos palestinianos como parte integrante do seu futuro Estado.
“Nós decidimos que deveríamos remover as ofertas israelitas nos colonatos do território ocupado da Cisjordânia e que estão no centro das disputas entre israelitas e palestinianos”, refere a nota da Airbnb.
A nota não refere em que data a decisão se tornará efectiva, com efeitos práticos, mas no mapa que integra o site da Airbnb não é já possível verificar qualquer oferta de habitação nos territórios da Cisjordânia.
Telavive prepara ofensiva contra Airbnb
Num primeiro momento, o ministro israelita do Turismo, Yariv Levin, deixou uma directiva no sentido de o seu ministério restringir as operações da companhia em Israel. Levin considerou esta decisão de “miserável” e “vergonhosa”, exigindo à Airbnb que pusesse fim ao que diz ser um comportamento discriminatório.
O ministro para os Assuntos Estratégicos, Gilad Erdan, já alargou a frente de batalha. Numa primeira fase, aconselha os colonos israelitas afectados pela decisão a processarem a Airbnb com base numa lei anti-boicote.
Numa segunda fase, a estratégia passa para a frente internacional, com Gilad Erdan a instar as entidades norte-americanas a verificarem se a Airbnb está a incorrer na violação da legislação anti-boicote que existe em 25 Estados norte-americanos. “Esta decisão só pode ser consequência de anti-semitismo ou de rendição ao terrorismo – ou ambos”.
Nas palavras de Erdan, “conflitos nacionais existem um pouco por todo o mundo, pelo que a Airbnb terá de explicar por que escolheu colocar-se neste posicionamento racista contra alguns cidadãos israelitas”.
“Esta decisão só pode ser consequência de anti-semitismo ou de rendição ao terrorismo – ou ambos”, refere o conselho.
“Ocupação é ilegal e um crime de guerra”
A Airbnb fez saber que a decisão foi tomada de acordo com várias directivas: uma das quais relativa “à possibilidade de a existência de locais listados [na Cisjordânia] poder estar a contribuir para o sofrimento humano”; outra em que ponderava se “a existência desses locais listados nos territórios ocupados teria relação directa com uma disputa mais intensa na região”.Israel tomou a Cisjordânia, Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental na Guerra de 1967 e começou a construir colonatos nos territórios ocupados pouco depois.
Saeb Erekat, o chefe dos negociadores palestinianos, instou a Airbnb a ir mais longe e alargar a decisão às casas e espaços de arrendamento em Jerusalém Oriental.
“Reiteramos o nosso apelo ao Conselho dos Direitos Humanos das Nações Unidas para libertar a base de dados das empresas que estão a lucrar com a ocupação dos colonatos israelitas”, acrescentou Saeb Erekat.