Airbus da Germanwings caiu nos Alpes com 150 pessoas a bordo

Um avião da transportadora alemã Germanwings com 144 passageiros e seis tripulantes a bordo caiu esta terça-feira na região de Barcelonette, no sul dos Alpes franceses. "Não há sobreviventes", confirmava ao final da manhã o secretário de Estado francês dos Transportes, Alain Vidalies.

Ana Sofia Rodrigues e Graça Andrade Ramos, RTP /
Jean-Paul Pelissier, Reuters

(atualizada às 17h39)

As primeiras imagens dos destroços do avião, divulgadas a meio da tarde, indicam que o aparelho se desfez em pequenos fragmentos.
Um helicóptero de socorro que conseguiu aterrar perto do local do acidente não encontrou sobreviventes. Gilbert Sauvan, presidente do conselho geral de Alpes de Haute Provence, afirmou à Associated Press que "ficou tudo pulverizado" e que a peça maior entre os destroços tem o tamanho de um pequeno carro. O aparelho ficou espalhado por uma área entre os 100 e os 200 metros.

foto: Der Bild

A zona da queda é inacessível a partir do solo, acrescentou Sauvan. Helicópteros estão a sobrevoar o local e foram mobilizados 500 polícias e bombeiros.

A edição online do diário espanhol El Mundo avançou pelas 16h41 que uma das caixas negras do aparelho foi encontrada. Demorou contudo mais de uma hora a ser recuperada, devido às dificuldades de acesso.

O ministro francês do interior confirmou depois a notícia, afirmando que "a caixa negra vai ser entregue aos serviços de inquérito." Bernard Cazeneuve encontra-se em Seyne les Alpes, onde foi instalado um centro de emergência para coordenar as atividades de socorro e de buscas. A localidade de Seyne les Alpes fica a poucas dezenas de quilómetros onde caiu o Airbus320, a 1500 metros de altitude. Será para aqui que os corpos que vierem a ser localizados serão transferidos para uma morgue de emergência instalada num ginásio.

O aparelho havia sido inspecionado há cerca de 24 horas e pertencia à Lufthansa desde 1991. Tinha sido transferido para a low cost Germanwings, uma filial da Lufthansa, e efetuava a ligação entre a cidade catalã de Barcelona e Düsseldorf, na Alemanha.

Dados confirmados pela cúpula da companhia em conferência de imprensa.
A bordo seguiam 150 pessoas."As condições do acidente fazem pensar que não há nenhum sobrevivente", afirmava a meio da manhã o Presidente francês, François Hollande. Entre estas dois bebés e um grupo de 16 estudantes e dois professores. A maioria dos passageiros, 67, era de nacionalidade alemã. Entre as vítimas do acidente estarão ainda cidadãos espanhóis, turcos, um holandês e um belga.

Um porta-voz do Governo de Madrid afirmou que 45 passageiros tinham apelido espanhol.
Descida de oito minutos
“Há uma comunicação de emergência registada às 9h47 [hora de Lisboa]. Este sinal de socorro mostra que o avião estava a cinco mil pés, numa situação anormal”, avançou o secretário de Estado francês dos Transportes ao início da tarde. Alain Vidalies garantiu que a queda do aparelho aconteceu “pouco depois” deste sinal.

A meio da tarde o presidente do Conselho de Administração da Germanwings, Thomas Winkelmann, afirmou por seu lado que o aparelho começou a descer de novo pouco depois de atingir a sua altitude de cruzeiro, 38.000 pés. Essa descida durou oito minutos, tendo os contactos de radar e de controlo aéreo sido quebrados pelas 10h53 (9h53 em Lisboa).

O avião despenhou-se em Meolans-Revels a 6,550 pés (2.000 m de altitude) perto de uma estância de esqui de Pra Loup.

"Foi um som ensurdecedor. Pensei que fosse uma avalanche, embora soasse ligeiramente diferente. Foi um som curto e durou apenas uns segundos", disse Sandrine Boisse, presidente da junta de turismo de Pra Loup à Associated Press.
Winkelmann disse que o piloto tinha mais de dez anos de experiência com a Germanwings e a Lufthansa.

Fonte da Direção-Geral de Aviação Civil francesa disse à agência France Presse que a tripulação do avião não emitiu qualquer apelo de socorro.

“A tripulação não emitiu nenhum mayday. Foi o controlo de tráfego aéreo que decidiu declarar o avião como estando em perigo, por não haver nenhum contacto com a tripulação e com o aparelho”, adianta a autoridade aeronáutica francesa.

O aparelho partiu de Barcelona às 9h00.
Também o Presidente francês sublinhou a dificuldade de acesso aos destroços.
Causa por apurar
Além do ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve, encontra-se no local do acidente especialistas em segurança aérea enviados pelo Governo alemão, bem como o ministro alemão dos Transportes.

"Ainda não sabemos muito além da informação básica sobre o que sucedeu no voo e não deverá haver especulação quanto às causas da queda", afirmou a Chanceler alemã Angela Merkel numa conferência de imprensa em Berlim a meio da tarde. "Tudo será investigado em profundidade", garantiu.

Em Washington, a Casa Branca admitiu que os serviços de segurança americanos estao em contactos com os seus homólogos alemães, franceses e espanhóis mas que não há sinais de atentado terrorista.

"Não há indicações de um nexus terrorista neste momento", afirmou a porta-voz do Conselho nacional de Segurança dos EUA.Merkel anunciou que se irá deslocar ao local do acidente na quarta-feira tal como Mariano Rajoy, primeiro ministro de Espanha, onde se encontrarão com o Presidente francês François Hollande.

De acordo com o secretário de Estado francês dos Transportes, as condições meteorológicas não eram particularmente más no momento do acidente. De resto, todas as informações disponíveis apontam no sentido de uma perda de altitude abrupta.

O responsável do grupo alemão Lufthansa Carsten Spohr comunicou através da conta da empresa na rede social Twitter “ainda não saber o que se passou” com o avião.


"A minha compaixão mais profunda para com as famílias e os amigos dos passageiros e tripulação. Se os nossos medos forem confirmados, será um dia negro para a Lufthansa. Esperamos encontrar sobreviventes”.

A Germanwings mudou a cor do logotipo para negro, em sinal de luto e criou um centro de atendimento para os familiares dos passageiros e tripulação do voo da lowcost alemã.
PUB