Encontrados equipamentos "mal aparafusados" em Boeings 737 Max 9
Durante as inspeções dos Boeing 737 Max 9, foram detetados parafusos que necessitavam de um “aperto adicional”, revelou a United Airlines.
A Administração Federal da Aviação (FAA, na sigla em inglês), que regula as viagens aéreas nos Estados Unidos, suspendeu 171 aviões do mesmo tipo.
“Desde que iniciámos as inspeções preliminares no sábado, encontrámos casos que parecem estar relacionados com problemas de instalação na ficha da porta – por exemplo, parafusos que necessitavam de um aperto adicional”, acrescentou a United.
O bloqueio da porta é uma peça da fuselagem, com uma janela, que preenche o espaço onde se situaria uma saída de emergência em determinadas configurações.
A United possui a maior frota de 737 Max 9, com 79 aeronaves.
A maioria dos Boeing 737 Max 9 usados nos Estados Unidos é operada pela United Airlines e pela Alaska. A Turkish Airlines, a Copa Airlines do Panamá e a Aeromexico imobilizaram os aviões do mesmo modelo para inspeção.
Até segunda-feira, a United cancelou 200 voos e prevê cancelamentos significativos esta terça.
“Conseguimos operar alguns voos planeados mudando para outros tipos de aviões, evitando cerca de 30 cancelamentos entre segunda e terça-feira”, revelou a United.
Já a Alaska Airlines afirmou que os relatórios iniciais dos técnicos que preparam a frota de 737 Max 9 para inspeção indicavam que “era visível algumas partes soltas em alguns aviões”.
“Quando estivermos em condições de proceder ao processo de inspeção formal, todos os aviões serão inspecionados minuciosamente segundo as instruções detalhadas fornecidas pela FAA em consulta com a Boeing”, esclareceu a Alaska Airlines.
Segundo a companhia aérea, “quaisquer constatações serão totalmente tratadas de forma a satisfazer as nossas normas de segurança e a conformidade com a FAA. As inspeções formais exigirão igualmente a documentação de todas as constatações, que serão enviadas à FAA. Nenhuma aeronave voltará ao serviço até que todas essas etapas estejam concluídas”.
"Enquanto aguardamos os critérios de inspeção da diretiva de aeronavegabilidade (AD) da FAA e da Boeing, as nossas equipas de manutenção estão preparadas e prontas para realizar as inspeções necessárias aos tampões da porta de saída central na nossa frota de 737 Max 9”, esclareceu a companhia.
Segundo a Alaska Airlines, "a imobilização do 737 Max 9 teve um impacto significativo na nossa operação. Cancelámos 170 voos de domingo e 60 cancelamentos na segunda-feira, prevendo-se mais".Lista de verificações
A FAA já tinha fornecido uma lista de verificações que os operadores dos Boeing 737 Max 9 tinham de cumprir durante as inspeções.
A Administração Federal da Aviação revelou ainda que todos os Boeing 737 Max 9 permanecerão em terra até que os operadores “concluam as inspeções reforçadas que incluem os tampões de saída da porta da cabine esquerda e direita, os componentes da porta e os fechos”.
“Os operadores devam também completar os requisitos de ação corretiva com base nas conclusões das inspeções antes de reporem qualquer avião em serviço”, acrescenta o comunicado da FAA.
Os incidentes com os Boeing 737 Max 9
A Boeing realçou num comunicado que, “a segurança é a nossa principal prioridade e lamentamos profundamente o impacto que este acontecimento teve nos nossos clientes e nos seus passageiros".
O 737 Max 9 da Boeing foi descrito pela empresa como o “avião de transporte mais escrutinado da história” após uma série de problemas de segurança.
O bloqueio de determinadas portas é uma configuração que a Boeing oferece aos clientes quando o número de saídas de emergência existentes já é suficiente em relação ao número de assentos da aeronave. Além do 737 Max 9, este dispositivo já existe em outros modelos da Boeing, nomeadamente no 737-900ER, lançado em 2006 e que não sofreu incidentes semelhantes desde então. No final de 2018 e no início de 2019, dois aviões perderam-se em incidentes quase idênticos, ao largo da costa da Indonésia e nos arredores da capital da Etiópia. No total, morreram 346 pessoas. Todos os problemas com a aeronave foram causados por falhas de software de controlo de voo, que acabaram por forçar as aeronaves a quedas mortais, apesar dos esforços dos pilotos.
Na sexta-feira, o voo 1282 da Alaska Airlines atingiu 16 mil pés (4,8 quilómetros) quando iniciou a descida de emergência, depois de uma porta e um pedaço da fuselagem terem caído.
O National Transportation Safety Board (NTSB) dos Estados Unidos, que está a conduzir uma investigação sobre o incidente, afirmou que os pilotos tinham assinalado luzes de aviso de pressurização em três voos anteriores efetuados pelo Max 9 da Alaska Airlines envolvido no incidente.
A aeronave foi impedida de fazer voos de longo curso sobre a água para que o avião "pudesse regressar muito rapidamente a um aeroporto" no caso de os avisos se repetirem, acrescentou a chefe do NTSB, Jennifer Homendy.
Não é claro se existe uma ligação entre os problemas que levaram a esses avisos e o problema que causou a explosão em 5 de janeiro.
c/ agências