Alec Baldwin atacado nas redes sociais devido a acidente fatal com arma

por RTP
Mike Blake - Reuters

Conhecido nos últimos anos por satirizar Donald Trump no programa Saturdar Night Live, Alec Baldwin vê o seu nome ser arrastado para uma guerra política, em que vários republicanos aproveitaram para politizar o acidente no local de filmagens do filme Rust, em que Alec Baldwin disparou uma arma carregada que acabou por matar a diretora de fotografia, Halyna Hutchins.

Ainda não são conhecidos todos os detalhes do acidente que matou Halyna Hutchins durante as filmagens do filme Rust, mas já são muitos os republicanos que aproveitam para atacar Alec Baldwin, autor do disparo acidental.

Baldwin ficou conhecido nos últimos anos por satirizar Donald Trump, antigo presidente dos Estados Unidos, no programa de comédia Saturday Night Live. O ator foi sempre muito criticado por Trump e muitos dos seus apoiantes foram para as redes sociais gozar com o ator de 63 anos e pedir, inclusivamente, a prisão.

A hashtag #AlecForPrison já ganhou popularidade no twitter pelos Estados Unidos. O senador Republicano do Ohio foi um dos primeiros a comentar o sucedido, pedindo o regresso de Donald Trump à rede social para comentar o que aconteceu em Santa Fe, no Novo México, na última semana.

Na segunda-feira, o filho de Donald Trump aproveitou o sucedido para vender t-shirts a um preço de 28 dólares. Nas mesmas podia-se ler: “Armas não matam pessoas, Alec Baldwin mata pessoas”. Uma publicação que foi depois retirada do seu website oficial.

A violência com armas é há muito um tema divisivo nos Estados Unidos e são muitos os que criticam o facto de Baldwin estar a ser vítima de uma politização de um acidente. Jake Tapper, da CNN, disse que a morte de Hutchins é algo que comove “pessoas normais”.

“Mas existe algo na nossa política neste momento que está a afastar as pessoas da nossa humanidade partilhada”, continuou o jornalista.

Os depoimentos recolhidos revelam que um dos diretores assistentes, Dave Halls, entregou a arma a Alec Baldwin dando indicações de que a arma podia ser utilizada em segurança.

Em depoimentos juramentados, o realizador do filme, Joel Souza, disse que Baldwin estava a ensaiar uma cena na qual tirou um revólver do coldre e apontou em direção à câmara, onde estavam Halyna Hutchins e Souza, numa cena que não precisava da utilização de munições reais.

Ainda não é certo onde o protocolo para a utilização de armas falhou. Souza afirmou que armas eram verificadas por Hannah Gutierrez-Reed e depois, novamente, por Dave Halls. Desde o incidente, algumas pessoas têm levantados dúvidas sobre a conduta de Halls para com a segurança de armas em locais de filmagens.

Um dos produtores do filme “Freedom’s Path” confirmou à Associated Press que Dave Halls foi despedido da produção depois de um membro da equipa ter sofrido ferimentos ligeiros quando de uma arma disparou de forma inesperada. Maggie Goll, responsável de adereços, também revelou que fez queixa de Halls em 2019, quando trabalhou com o mesmo na produção da série “Into The Dark”. Goll explicou que Halls desconsiderava etapas no protocolo de segurança com armas e pirotecnia.

Noutro depoimento, o operador de câmara Reid Russel afirmou que Alec Baldwin sempre foi cuidadoso com armas e explicou não ter a certeza de que a arma tenha sido verificada antes de ser entregue ao ator.

Com a morte de Halyna Hutchins, muitos profissionais da indústria de Hollywood têm pedido o fim de armas reais nos locais de filmagem, alegando que as mesmas podem ser substituídas por efeitos realizados por computador.
Republicanos atacam Baldwin nas redes sociaisGigi Saul Guerrero, realizadora de filmes, observou logo após o incidente que Alec Baldwin é a cara visível da tragédia que aconteceu em Santa Fe. O ator, que é defensor, de uma reforma de armas nos Estados Unidos está a ser atacado e gozado nas redes sociais por membros da extrema-direita norte-americana.

A comentadora conservadora Candace Owens aproveitou para dizer que tudo o que Alec Baldwin disse sobre Donald Trump e os seus apoiantes “não vai envelhecer bem”.

Lauren Boebert foi mais longe e citou um tweet de Baldwin, de 2020, em que o ator disse que ia criar uma t-shirt com o slogan “Tenho as mãos levantadas. Por favor não me matem”. Boebert perguntou de forma irónica: “Alec Baldwin, estas [t-shirts] ainda estão disponíveis? Estou só a perguntar para uma produtora de filmes”.

Os comentários da republicana do Colorado não caíram bem na comunidade de atores que chamou a atenção para o facto de o que aconteceu com Alec Baldwin ter sido um acidente que não devia ser politizado. George Takei e Rosanna Arquette criticaram a conservadora, que defendeu o que publicou.

“Querem tirar os nossos direitos de nos defendermos com armas de fogo e não sabem nada sobre segurança de utilização de armas. Se isto tivesse acontecido com uma celebridade conservadora, já estariam a pedir a sua cabeça”.

Um porta-voz do filme veio a público dizer que a produtora está a cooperar com as autoridades e a conduzir uma investigação interna ao que aconteceu. A empresa disse que as filmagens estão paradas mas que num futuro próximo podem voltar a ser feitas.

Alec Baldwin também declarou que está a colaborar com a investigação das autoridades e descreveu o disparo como um “trágico acidente”.
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