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Alemanha. A cinco meses das eleições Partido Verde à frente nas sondagens

por RTP
Reuters

Ainda faltam cinco meses para as eleições nacionais na Alemanha, mas a sondagem da Pollytix Strategic Research, pela primeira vez desde junho de 2019, aponta o Partido Verde como vencedor. Outras sondagens, divulgadas nas últimas duas semanas, sugerem também que o cenário político alemão pode estar prestes a mudar, caso o partido liderado por Annalena Baerbock se mantiver à frente da União Democrata Cristã (CDU), de Angela Merkel.

Seis das dez sondagens sobre as eleições nacionais alemãs, publicadas nas últimas duas semanas, colocam o Partido Verde à frente da União Democrática Cristã de Angela Merkel. Segundo o Guardian, o cenário político na Alemanha poderá mudar.

Se a sondagem da Pollytix Strategic Research, apenas um dos inquéritos realizados recentemente, se confirmar, a líder dos Verdes, Annalena Baerbock, poderá ser a sucessora de Merkel.

O partido que encabeça o atual governo da Alemanha já se tem mostrado, ao longo dos últimos tempos, mais resistente a reviravoltas repentinas do que os vizinhos europeus. A CDU de Merkel tem conseguido manter o seu estatuto de suprema potência política do país, enquanto os partidos irmãos em França ou Itália têm vindo a cair no esquecimento.

Mas as últimas sondagens sugerem que os conservadores, que governaram a Alemanha nos últimos 16 anos, podem ser destituídos como o partido mais forte do Bundestag (parlamento alemão) a 26 de setembro.
Verdes superam CDU
Seis das dez sondagens publicadas nas últimas duas semanas mostram uma vantagem para os Verdes, que ficaram em sexto lugar nas últimas eleições, em 2017. Uma outra pesquisa, divulgada pelo jornal Bild am Sonntag, no domingo, deu aos Verdes uma vantagem de três pontos, com 27 por cento das intenções de voto.

De acordo com estes dados, a candidata do partido ecológico, Annalena Baerbock, pode mesmo conseguir uma posição confortável para escolher entre uma variedade de potenciais parceiros para fazer uma coligação.

Stefan Merz, diretor de um dos centros de pesquisa, o Infratest Dimap, disse que as intenções de voto atualmente expressas têm de permanecer intactas durante duas a três semanas para provar que estes indicadores são confiáveis.

"Mas depois de anos de muito pouco movimento na hierarquia dos partidos políticos da Alemanha, agora há uma sensação de que o baralho está a ser reorganizado e podemos estar no limiar de um momento histórico", disse Merz ao Guardian.

A volatilidade começa a ver-se nas sondagens, à medida que o público alemão se vira, cada vez mais, contra o Governo por causa de um longo e ineficaz confinamento.

Armin Laschet, líder da CDU e candidato a chanceler dando continuidade ao mandato de Merkel, foi apresentado como o homem do partido para o cargo principal, mas os analistas consideram que parece "mais impotente" do que a sua antecessora em 16 anos de liderança.

Há que sublinhar que é a primeira vez que o Partido Verde assume, na sua história, a candidatura a chanceler na Alemanha.

Aos 40 anos, Annalena Baerbock tem visto o apoio crescer dentro do seu partido, prometendo agora um "novo começo", tendo como prioridades o investimento em educação, o digital e as tecnologias verdes, de acordo com a Reuters.

"A democracia vive da mudança. Sim, eu nunca fui chanceler e nunca fui ministra", disse aos jornalistas. "Defendo a renovação. Outros representam o status quo".

"Gostaríamos de liderar este governo, mas como a política não é um exercício de realização de desejos, caberá aos eleitores decidir" quem sairá vitorioso desta eleição, disse ainda Annalena Baerbock.

Os resultados são reflexo da insatisfação dos cidadãos alemães que se têm voltado cada vez mais contra o governo por um longo confinamento e uma implementação do plano de vacinação que expôs o mau estado dos serviços digitais e da burocracia do país.
Sondagens versus eleições

Apesar de faltarem cinco meses para as eleições e as sondagens indicarem a vantagem dos Verdes, ainda há incerteza sobre se a candidata do partido ecologista assume a liderança nas urnas, visto que os eleitores alemães têm mostrado quanto valorizam um governo de continuidade.

As sondagens na corrida para a eleição federal em 2005 indicavam uma vantagem de 15 pontos sobre os governantes sociais-democratas para a CDU, quando Merkel se candidatou pela primeira vez. No final, o partido só venceu as eleições por uma pequena margem.

"A questão é se os verdes podem manter seu ímpeto depois de a maior parte do país ser vacinada, as lojas reabrirem e as pessoas poderem viajar nas férias novamente", disse Merz. "Se o debate nacional mudar para a economia nesse ponto, a CDU pode recuperar um pouco do terreno perdido".

Um fator-chave que distingue as eleições de setembro das anteriores é que, pela primeira vez desde 1949, o governante em exercício não se vai recandidatar.

"Quando os eleitores vão às urnas, tendem a concentrar-se nas suas perspectivas de futuro", disse Matthias Jung, investigador do instituto Forschungsgruppe Wahlen.

"Na melhor das hipóteses, os pontos altos dos últimos 16 anos serão lembrados como um emblema de competência básica", disse Jung ao Guardian. "Os sucessos de Merkel são herdados apenas num grau muito limitado".
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