Alemanha. Ministro social-cristão adverte contra terrorismo neonazi

por RTP
Michele Tantussi, Reuters

O ministro federal do Interior, Horst Seehofer, apresentou em reunião da comissão parlamentar do Interior um requisitório sistemático contra o perigo terrorista de extrema-direita. E alertou contra o erro de amalgamar a extrema-direita com a extrema-esquerda, como se se tratasse de fenómenos comparáveis ou equivalentes.

A reunião da comissão parlamentar decorreu à porta fechada mas, mesmo assim, transpirou para a imprensa a informação de que o procurador federal continua sem ter indícios de que o terrorista de Hanau tenha actuado com apoio de outras pessoas.

Na reunião soube-se também que Tobias Rathjen, o terrorista de extrema-direita que abateu dez pessoas naquela cidade, tinha estacionado em trangressão a viatura usada para o massacre, já nas imediações do primeiro local do crime, e tinha sido interpelado pela polícia. Reagiu calmamente e sem levantar suspeitas.

Do ponto de vista político, a intervenção mais marcante foi a do ministro do Interior, Horst Seehofer (CSU), que falou de um "rasto de sangue" deixado pelo terrorismo de direita, desde a história da NSU, uma célula neonazi clandestina que durante vários anos abateu sistematicamente pequenos comerciantes de origem turca e que a polícia apenas detectou por acaso, depois de ter seguido obstinadamente a falsa pista de alegados "ajustes de contas" da mafia turca.

A intervenção surpreendeu por incisiva, principalmente vinda de um ministro que se situa na ala mais conservadora do espectro político governamental. Seehofer foi durante vários anos o líder do partido bávaro CSU, ou social-cristão, ligado à CDU de Angela Merkel.

Também o porta-voz para Assuntos Internos da CDU, Mathias Middelberg, afinou pelo mesmo tom, apontando ao partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD) "uma corresponsabilidade muito clara" no massacre de Hanau. Segundo Middelberg, a AfD não pode agora diluir a contribuição que deu nos últimos meses para o clima de ódio contra todos os alienígenas, como eram na sua maioria as vítimas, quase todas de origem turca.
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