Alemanha. Pistorius afirma que 100 MME para o exército "não vão" bastar

por RTP
Ministro da Defesa da Alemanha, Boris Pistorius, afirma que 100 mil milhões de euros para o exército "não vão ser suficientes" Reuters

O ministro alemão da Defesa avisou esta sexta-feira que o montante de 100 mil milhões de euros anunciados pelo chanceler Olaf Scholz para a modernização das forças armadas da Alemanha "não vão ser suficientes".

"Os 100 mil milhões não serão suficientes" estimou o recém-nomeado para a pasta da Defesa, Boris Pistorius, entrevistado pelo diário Süddeutsche Zeitung.

O montante foi anunciado a 27 de fevereiro de 2022, três dias após a invasão russa da Ucrânia, num discurso diante do Bundestag, alvitrando uma "mudança de época" para a Europa.

Onze meses depois, Boris Pistorius explicou que, "com cada sistema novo, temos igualmente novos custos de manutenção. A cada novo dispositivo, há novos custos mais elevados".

O mesmo se passa quanto ao orçamento anual da Defesa, orçado em cerca de 50 mil milhões de euros. "Não parto do princípio de que será suficiente", afirmou Pistorius.

A Alemanha está igualmente confrontada com despesas de aquisições que não estavam previstas há um ano, depois da entrega de diverso tipo de armamento à Ucrânia, nomeadamente blindados ligeiros e pesados e lançadores de morteiros.

Catorze blindados de artilharia e cinco lança-morteiros múltiplos Mars II, assim como 500 mísseis antiaéreos Stinger, 100.000 granadas e 28.000 capacetes são alguns dos itens na lista de compras do Bundeswehr, implicando despesas de vários milhares de milhões de euros.

Será necessário ainda substituir os 14 tanques Leopard 2 do tipo 2A6 que Berlim deverá entregar a Kiev no final de março, com os custos a serem agravados pela inflação e custos de produção mais elevados. “As munições não crescem nas árvores prontas a ser colhidas”, lembrou o ministro da Defesa da Alemanha.

"A médio e longo prazo, devemos constituir na Europa uma indústria de armamento capaz de o produzir. Não podemos todos desenvolver todos os sistemas de armas. E deveríamos chegar a sistemas de armas estandardizados na Europa", aconselhou Boris Pistorius.

"Devemos ser mais céleres em matéria de aprovisionamentos", concluiu o ministro alemão, que tem marcadas para a próxima semana reuniões com a indústria alemã da defesa.

Em finais de setembro, Olaf Scholz afirmou pretender que a Alemanha disponha das "forças armadas mais bem equipadas da Europa". Décadas de desinvestimento na área da defesa tornam a tarefa gigantesca.

Berlim prometeu ainda alcançar "nos próximos anos" o limiar de dois por cento do PIB nacional consagrados anualmente a despesas militares, de acordo com os compromissos assumidos no seio da NATO.
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