A Alemanha está a avaliar a possibilidade de encomendar vacinas desenvolvidas pela Rússia e pela China para acelerar o plano de vacinação contra a covid-19. O ministro alemão da Saúde afirmou, no domingo, que o país está a ponderar o uso da vacina Sputnik V e da Sinopharm, se for necessário para suprir a escassez e os atrasos das doses encomendadas pela União Europeia.
"Independentemente do país em que as vacinas são fabricadas, se forem seguras e eficazes, podem ajudar-nos a lidar com a pandemia", disse Spahn ao jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung.
Mas, para o Governo alemão, essa pressão e o atraso na entrega das vacinas podem ser solucionados se a Europa aprovar as vacinas russas e chinesas.
A Rússia anunciou, na sexta-feira, que seria capaz de fornecer 100 milhões de doses da sua vacina Sputnik V à União Europeia no segundo trimestre do ano, o que permitiria que cerca de 50 milhões de pessoas fossem vacinadas. E, entretanto, o pedido de aprovação da vacina já foi encaminhado à AEM.
Jens Spahn expressou também ao jornal a esperança de que a pandemia seja controlada ainda este ano e que não haja um "segundo aniversário do vírus desta forma".
Na sexta-feira, o ministro da Saúde já tinha proposto convocar uma cimeira entre o Governo federal da chanceler Angela Merkel, líderes regionais e a indústria farmacêutica.
Spahn, que tem defendido reiteradamente a "via Europa" para a campanha de vacinação, contra aqueles que criticam o Governo alemão por não se ter antecipado às decisões de Bruxelas, insiste na necessidade de a Europa receber "a sua parte proporcional" das doses de vacinas, conforme o que foi acordado.
Em declarações à agência de notícias RIA Novosti, Chizhov explicou que o Governo russo pode oferecer um lote experimental a todos os países interessados em encomendar a vacina. Se a aprovarem, pode chegar-se a acordo para que a vacina russa seja produzida noutros países.
"Em primeiro lugar, precisamos de vacinar a nossa população", disse Chizhov. "No entanto, estamos prontos para partilhar não apenas a vacina pronta, mas também, muito importante, a tecnologia da sua produção".
A fórmula do Sputnik V, produzida em Moscovo, já foi registada por vários países, incluindo a Argentina, os Emirados Árabes Unidos e a Hungria.
Na sexta-feira, a conta oficial do Twitter que promove a vacina Sputnik V revelou que o Fundo Russo de Investimento Direto, financiador da vacina, pode vir a fornecer à União Europeia 100 milhões de doses no segundo trimestre de 2021 - o que está ainda sujeito a aprovação pela Agência Europeia de Medicamentos.
After completion of the main part of mass vaccination in Russia, RDIF can provide EU with 100 mln doses of #SputnikV vaccine for 50 mln people in Q2 2021 (subject to EMA approval). Sputnik V is registered in 15 countries and documents have been submitted for EMA rolling review. pic.twitter.com/27Ncwns24n
— Sputnik V (@sputnikvaccine) January 29, 2021
Mas, embora haja interesse por parte da Alemanha em comprar vacinas russas e chinesas para resolver a escassez que tem atrasado a imunização da população europeia, continuam a existir preocupações generalizadas sobre a segurança e eficácia das vacinas produzidas na Rússia e na China, uma vez que não seguiram todos os testes exigidos antes de obterem a aprovação nos seus países.
Na altura, as autoridades russas disseram que a eficácia da Sputnik V era de 92 por cento, mas não há estudos independentes que confirmem essa percentagem.
Já a China aprovou a vacina desenvolvida pela farmacêutica estatal Sinopharm, um dia depois de anunciar que os dados iniciais da fase final de teste indicaram uma eficácia do produto era de 79,3 por cento.
Tanto a vacina da Sinopharm como a da Sputnik V já foram aprovadas pela agência reguladora da Hungria, ignorando a intenção dos países europeus, de tomarem decisões conjuntas sobre o tema.
Não se decidiu ainda se o Governo alemão vai ou não comprar estas vacinas, mas, segundo Jens Spahn, a Alemanha já está a encomendar novas doses de vacinas contra a covid-19 para 2022.
"Já estamos a encomendar mais vacinas para 2022, para podermos ter uma retaguarda. Niguém sabe se vai ser preciso. Com a capacidade de produção a ser estendida, vamos ordenar vacinas como precaução. Se não precisarmos, melhor, mas se precisarmos vamos tê-las", afirmou.