Alemanha quer acabar com a energia a carvão até 2038

por RTP
Em 2017, o consumo de carvão na Alemanha foi 44 por cento do total da União Europeia Reuters

O Governo alemão e os líderes regionais concordaram em desenvolver um plano para eliminar progressivamente as fábricas de carvão até 2038. O projeto envolve uma compensação de 40 mil milhões de euros.

A Alemanha pretende gerar, pelo menos, 65 por cento da sua eletricidade a partir de fontes renováveis até 2030.

A primeira fábrica deverá encerrar ainda este ano, seguida de mais três em 2021 e mais quatro em 2022. O cronograma desenvolvido, que foi fechado esta quarta-feira, prevê o encerramento de 30 fábricas de carvão no país.

A Alemanha possui mais de 250 mil trabalhadores nos setores da energia renovável, um número muito superior ao setor da indústria do carvão.


A compensação de 40 mil milhões de euros tem como destino quatro Estados alemães – Renânia do Norte de Vestefália, Saxonia-Anhalt, Saxonia e Brandeburgo - que possuem fábricas de carvão.

“Conseguimos chegar a um acordo sensato”, afirma o Presidente da Renânia do Norte de Vestefália, Armin Laschet.

A maior central de carvão do país, a RWE, vai receber 2,6 mil milhões de euros e vai ficar impedida de destruir a floresta Hambach, onde ia ser construída uma nova central, avança a agência noticiosa Bloomberg.

As operações situadas no leste da Alemanha vão receber cerca de 1,75 mil milhões de euros em compensações, declarou o ministro das Finanças Olaf Scholz, numa conferência em Berlim.

Scholz afirmou que “a Alemanha embarcou em algo realmente grande e tenho a certeza que conseguiremos”, cita a BBC.

Svenja Schulze, ministra do Ambiente, afirma que a Alemanha “é o primeiro país a sair do campo nuclear e do carvão”.

A lei será redigida ainda em janeiro e o Governo espera que seja aprovada pelo Parlamento em 2020.

Atualmente, o carvão alimenta cerca de um terço da eletricidade da Alemanha e, mais de metade disso depende da queima de lignito. A Alemanha é, neste momento, o maior produtor mundial de lignito.

Em 2017, o consumo de carvão na Alemanha foi 44 por cento do total da União Europeia, seguido da Polónia, com 16 por cento e da República Checa e Grécia, ambos com dez por cento.

A chanceler alemã, Angela Merkel tem sofrido pressões por parte dos ambientalistas e mineiros sobre a questão do encerramento destas centrais, embora seja expectável que a Alemanha consiga cumprir as metas estabelecidas no Acordo de Paris.

O fim do consumo de carvão faz parte dos esforços da União Europeia para reduzir as emissões de gases de efeito de estufa, que contribuem para o aquecimento global.

Pretende-se que, grande parte dos 28 Estados-membros seja neutro de carbono até 2050.
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