Aliados de Lula da Silva perdem lugares no Parlamento
Os partidos aliados do actual Presidente Luiz Inácio Lula da Silva perderam lugares na Câmara dos Deputados e também no Senado Federal, que formam o Parlamento brasileiro.
Os partidos que apoiam o Governo de Lula da Silva diminuíram de 257 para 223 assentos na Câmara dos Deputados, num total de 513, de acordo com os resultados das eleições legislativas de domingo.
A redução significa que os partidos aliados de Lula da Silva não vão alcançar a maioria (50 por cento mais um) do total de lugares da Câmara dos Deputados, a partir de 2007.
A redução já era esperada pelos analistas políticos que esperavam que esses partidos fossem punidos pelos eleitores brasileiros por causa do envolvimento em escândalos de corrupção.
O Partido dos Trabalhadores (PT) de Lula da Silva, por exemplo, elegeu 83 deputados, sete menos do que o número total eleito nas legislativas de 2002.
O Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), por seu turno, elegeu o maior número de deputados, 89 no total, 14 mais do que na eleição de 2002, e deverá ficar com a presidência da Câmara.
"Num eventual segundo mandato, Lula da Silva precisará mais que nunca do apoio do PMDB para conseguir governar", afirmou a cientista política Lúcia Hipólito.
Os partidos de oposição, por seu turno, passaram das actuais 167 cadeiras para 193, liderados nomeadamente pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), de centro- esquerda, e o Partido da Frente Liberal (PFL), de direita, com 65 deputados cada um.
O PSDB e PFL formam a principal base de apoio de Geraldo Alckmin, ex-governador de São Paulo e adversário de Lula da Silva na segunda volta das presidenciais, a 29 de Outubro.
No Senado Federal, a base de apoio do Presidente Lula da Silva, que já não dispunha de maioria parlamentar, terá o apoio de apenas 22 dos 81 senadores, num eventual segundo mandato.
O PFL e PSDB, por seu turno, transformaram-se nos partidos com a maior representação no Senado, com 34 lugares no total, num quadro mais favorável a Geraldo Alckmin.
Após a série de escândalos de corrupção, como o do "mensalão" e dos "sanguessugas", a Câmara dos Deputados registou o maior índice de renovação das últimas eleições.
Dos 513 deputados, 48,7 por cento não voltarão no próximo ano, índice de renovação superior ao registado em 2002, que foi de 41,6 por cento.
"O eleitor deu um claro recado de sua insatisfação com os escândalos de corrupção e a participação de parlamentares", disse Lúcia Hipólito.
Dos 49 deputados acusados no escândalo das "sanguessugas", fraudes em concursos públicos para aquisição de ambulâncias, apenas seis foram reeleitos neste domingo.
O ex-presidente da Câmara Severino Cavalcanti, também acusado de corrupção, tentou um novo mandato pelo Estado de Pernambuco, mas não foi reeleito.
Dos partidos envolvidos no "mensalão", que receberam uma quantia para apoiar Lula da Silva, o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) sofreu a maior redução, passando de 43 para 22 assentos.
Apesar da renovação da Câmara, alguns deputados envolvidos no "mensalão" conseguiram eleger-se para mais um mandato.
Entre eles, destacam-se o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha e José Genoíno, ambos do PT de Lula da Silva.