Aliança das Agências de Notícias "profundamente preocupada" com expulsão de meios portugueses da Guiné-Bissau

A Aliança Europeia das Agências de Notícias (EANA), que representa as principais agências de notícias do continente, disse hoje estar "profundamente preocupada" com a expulsão da agência Lusa, RTP e RDP da Guiné-Bissau.

Lusa /

"Esta decisão, tomada sem justificação transparente, representa um grave revés para a liberdade e o pluralismo dos meios de comunicação social no país; o jornalismo independente e fiável não é apenas um dever profissional das organizações de comunicação social, é a base do direito fundamental das sociedades a serem informadas de forma correta e atempada", lê-se numa nota enviada à Lusa.

"Restringir este direito compromete os processos democráticos, especialmente num momento em que os cidadãos mais precisam de acesso a informações equilibradas e fiáveis", acrescenta a EANA, mostrando-se "profundamente preocupada".

Na nota, a entidade que reúne as agências de notícias europeias afirma que "como membro de longa data e respeitado da EANA, a Lusa tem defendido consistentemente os mais elevados padrões de jornalismo imparcial e baseado em factos, servindo o público em Portugal e além-fronteiras" e acrescenta que "o seu trabalho na Guiné-Bissau pode ser reconhecido como essencial para conectar comunidades, promover a compreensão entre os dois países e fortalecer o discurso democrático".

A EANA apela ainda às autoridades da Guiné-Bissau "para que reconsiderem esta decisão, restabeleçam o acesso dos meios de comunicação independentes e garantam o pleno respeito dos princípios da liberdade de imprensa".

A decisão de expulsão dos jornalistas da Lusa, RTP e RDP que acompanham a Guiné-Bissau em permanência no país motivou um conjunto de críticas, incluindo do Governo português, que convocou o embaixador guineense em Portugal para dar explicações, depois de o Presidente da Guiné-Bissau se ter escusado a explicar a decisão quando visitou Cabo Verde.

Depois do encontro com o homólogo da Guiné-Bissau, Carlos Pinto Pereira, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Paulo Rangel, expressou a expetativa de que a situação "possa ser ultrapassada".

"Este encontro, organizado no sentido de envidarmos todos os esforços para se retomar a plena normalidade das relações bilaterais, decorreu de forma claramente construtiva, deixando a expectativa positiva de que a presente situação possa ser ultrapassada", refere, numa breve nota após o encontro, em Lisboa, na segunda-feira.

As delegações da agência Lusa, da RTP e da RDP foram expulsas da Guiné-Bissau na sexta-feira, dia 15, as suas emissões suspensas nesse mesmo dia e os representantes tinham indicação para deixar o país até terça-feira, por decisão do Governo guineense, não tendo sido avançadas razões.

As direções de informação da Lusa, RTP e RDP reagiram, em conjunto, à decisão do Governo guineense, que descrevem como "um ataque deliberado à liberdade de expressão" e exigem que destes órgãos de comunicação "possam continuar a exercer o direito de informar na Guiné-Bissau".

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