"Amazon Pharmacy". Novo serviço preocupa cadeias de farmácias físicas nos EUA

por Joana Raposo Santos - RTP
Amazon Pharmacy é o nome da nova farmácia digital que agora permite aos norte-americanos comprar medicamentos sujeitos a receita médica. Lucas Jackson - Reuters

As cadeias de farmácias nos Estados Unidos podem estar prestes a enfrentar um dos maiores desafios de sempre, depois de a Amazon ter anunciado que vai passar a vender online medicamentos sujeitos a receita médica. Os efeitos já se sentem na bolsa, com as ações de grandes farmácias físicas a registarem fortes quebras.

Amazon Pharmacy é o nome da nova farmácia digital que agora permite aos norte-americanos comprar medicamentos sujeitos a receita médica e recebê-los em casa gratuitamente, caso subscrevam o serviço Premium da plataforma.

Lançado na terça-feira, este serviço aceita a maioria dos planos de seguro dos clientes, mas oferece também vantagens a quem não tenha seguro ou não queira utilizá-lo para comprar os medicamentos.

Além disso, a recém-lançada Amazon Pharmacy está a oferecer descontos de 80 por cento em medicamentos genéricos e 40 por cento em fármacos de marca.

Os efeitos na bolsa foram quase instantâneos. Grandes cadeias de farmácias, como a CVS Pharmacy, a Walgreen ou a Rite Aid registaram perdas de entre sete a 14 por cento, enquanto a Amazon conseguiu uma subida significativa. O negócio das farmácias move anualmente cerca de 300 mil milhões de dólares (o equivalente a cerca de 253 mil milhões de euros) nos Estados Unidos.

Segundo a Amazon, este novo serviço “torna mais simples aos consumidores comparar preços e adquirir medicamentos que possam ser entregues ao domicílio”, pelo que aquela que antes era a tarefa monótona de ir à farmácia física agora é “tão conveniente quanto qualquer outra compra”.

“Conforme mais e mais pessoas tentam cumprir as suas tarefas a partir de casa, a farmácia é uma importante e necessária adição à loja online da Amazon”, considerou o vice-presidente da Divisão de Consumidores da empresa, Doug Herrington, em comunicado.
Privacidade dos clientes levanta preocupações
A Amazon Pharmacy é uma extensão da farmácia online PillPack, que há dois anos a Amazon comprou por 750 milhões de dólares. Já na altura as cadeias de farmácias físicas sofreram algum impacto. Atualmente, a PillPack possui licenças de farmácia em todos os 50 Estados norte-americanos.

No novo serviço da empresa de Jeff Bezos, os utilizadores podem criar um perfil seguro através do qual recebem as receitas prescritas por médicos, passando depois a introduzir os dados do seu seguro de saúde, caso queiram utilizá-lo, e a comprar os medicamentos que desejam receber em casa.

A Amazon Pharmacy tem, no entanto, levantado algumas dúvidas quanto à privacidade das informações de saúde dos clientes. A empresa já garantiu que o principal objetivo do novo serviço é “colocar os clientes em primeiro lugar”, pelo que não têm razão para preocupações.

As limitações à circulação trazidas pela pandemia de Covid-19 têm levado a que cada vez mais pessoas evitem saídas desnecessárias e procurem receber em casa as suas compras. A Amazon facilitará este processo, garantindo a distribuição de todo o tipo de fármacos, à exceção da maioria dos opiáceos.

As farmácias físicas nos Estados Unidos habitualmente vendem outros produtos além de fármacos, tais como produtos de cosmética e higiene, medicamentos não sujeitos a receita médica ou até flores e comida pré-confecionada. Estas vendas não são, porém, o suficiente para garantir vantagem ao setor, uma vez que a Amazon também vende a maioria destes produtos no seu site.
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