Amazónia. Governadores estaduais arrasam política de Bolsonaro

por RTP
Bolsonaro, numa cerimónia do BNDES Adriano Machado, Reuters

Os governadores dos nove Estados da Amazónia brasileira apontaram à política do presidente Jair Bolsonaro um dedo acusador, responsabilizando-o pela perda de subsídios da Alemanha e da Noruega destinados a preservar o "pulmão do planeta".

Um documento subscrito pelos nove governadores e citado pela agência noticiosa AFP desautoriza o Governo de Brasília e o presidente, sugerindo que sejam os Estados amazónicos a "dialogar directamente" com os países membros do Fundo que financia a conservação da Amazónia. Concretamente, afirmam já ter comunicado ao Governo e às Embaixadas envolvidas que doravante "falarão directamente com os países que financiam o Fundo".

Propõem, além disso que o Banco da Amazónia, ligado aos governos daqueles Estados brasileiros, substitua o banco de Estado BNDES na gestão dos recursos do Fundo.

Os governadores dos nove Estados não poupam o Governo: "Lamentamos que as posições do Governo brasileiro tenham provocado a suspensão dos subsídios". E a isto ainda acrescentam: "Estamos totalmente contra qualquer prática ilegal de actividades económicas na região".

A Alemanha e a Noruega tinham reagido à divulgação dos números sobre a desflorestação galopante da Amazónia congelando as verbas que até aqui vinham pagando para a conservação da maior floresta do mundo. Em conjunto, a Alemanha e principalmente a Noruega são os dois países que financiam 99,2% das verbas do Fundo.

Jair Bolsonaro começara por reagir ao congelamento com um sarcasmo: "Não é a Noruega o país que mata as baleias lá em cima, no Polo Norte? E que também lá explora o petróleo? Isso não é exemplo nenhum para nós. Eles que fiquem com o dinheiro deles e que ajudem Angela Merkel a reflorestar a Alemanha".

Mas, poucos dias depois, Bolsonaro viera lamentar-se em público da falta de dinheiro nos cofres do Estado, admitindo mesmo que os militares tivessem de ser reduzidos a um serviço em part-time. Perante essa situação de penúria, disse ainda o presidente brasileiro, os seus ministros estão "apavorados".
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