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Guerra na Ucrânia
"Ambição da Rússia vai além da Ucrânia". UE quer paz "justa e duradoura"
O presidente do Conselho Europeu está em Kiev, juntamente com outros líderes da União Europeia. No dia que marca o terceiro ano desde a invasão russa à Ucrânia, António Costa deixou claro que a ambição é "que a paz chegue assim que possível" e que seja duradoura. O antigo primeiro-ministro considerou ainda que a UE tem de estar envolvida nas negociações de paz.
Foto: Stephanie Lecocq - Reuters
"Ninguém mais do que os ucranianos quer a paz. A verdadeira questão é saber que paz", declarou o presidente do Conselho Europeu, aos jornalistas na capital ucraniana.
O que tem de ser assegurado, clarificou, é que não seja "um mero cessar-fogo", mas sim "uma paz que seja abrangente": que "responda ao conjunto das questões de segurança"; que seja justa e "não um prémio ao infrator - o que seria uma péssima mensagem para toda a comunidade internacional - e que seja duradoura.
No fundo, o objetivo não é ter um "pequeno cessar-fogo" que permita que a Rússia se fortaleça "para voltar a atacar, como aconteceu já no passado", mas que "assegure uma paz duradoura na Ucrânia e na Europa".
"Hoje a reunião do G7 foi também importante para termos uma troca de impressões com o presidente Trump", acrescentou. "Acho que a pressão dele para forçar a Rússia a negociar é importante, desde que essas negociações não conduzam a um cessar-fogo, mas a uma paz verdadeira".
Sobre a possibilidade de a Ucrânia e a União Europeia terem um lugar na mesa das negociações com a Rússia e os Estados Unidos, Costa declarou que a UE não está a "lutar para ter um lugar nas negociações".
"Neste momento, o que existe são confusões bilaterais entre a Rússia e os Estados Unidos. Esperemos que sejam frutuosas e que conduzam a Rússia (...) a negociar a paz".
Estas negociações são, esclareceu, "entre a Ucrânia e a Rússia, mas obviamente tem que haver também a União Europeia", porque tem "haver também com a adesão da Ucrânia à UE" e porque a "Rússia não é só uma ameaça na Ucrânia"."A Rússia é uma ameaça nos países bálticos, é uma ameaça em toda fronteira leste da União Europeia. A Rússia domina a Bielorrússia, que tem uma larga fronteira comum com a Polónia. Tem uma presença militar na Moldávia e na Geórgia. Portanto, a ambição expansionista e dominadora da Rússia vai para lá da Ucrânia".
Nos últimos anos, disse ainda o presidente do Conselho Europeu, a Rússia foi, "passo a passo, pondo em risco a segurança da Europa". Com esta guerra que começou há três anos, a Rússia "quis dominar a Ucrânia". Embora tenha falhado, Moscovo "não desistiu".
Por isso, o objetivo é "não voltar a ter uma guerra" quando o conflito russo-ucraniano acabar e voltar a ter "uma relação de segurança com a Rússia".
"Temos de nos preparar para o que vem a seguir"
Questionado sobre um plano de paz para a Ucrânia, proposto pela UE, António Costa explicou que o primeiro plano é "continuar a reforçar" o país, para que "esteja numa posição de força para qualquer cenário".
"Em segundo lugar, temos obviamente de nos preparar para o que possa acontecer a seguir", disse, recordando que os "Estados Unidos não concordam com a adesão da Ucrânia à NATO" e, por isso, "as futuras garantias de Defesa".
"Temos de ter um plano alternativo. E desse ponto de
vista, temos obviamente que nos prepara para saber qual é a
disponibilidade que os Estados-membros da UE têm para trabalhar com
outros (...) para haver uma aliança que ajude a Ucrânia a garantir uma
paz duradoura".
Caso a UE seja incluída nas negociações, o presidente do Conselho Europeu acredita que a melhor opção seria ter "um representante único", um "enviado especial porque vão ser negociações muito intensas e demoradas".
De visita à capital ucraniana, António Costa enalteceu ainda a "capacidade de resiliência dos ucranianos" por irem reconstruindo as cidades e tentando manter os serviços funcionais.