Ambientalista insta autoridades angolanas a repensarem políticas para preservar equilíbrio ambiental
Luanda, 20 fev (Lusa) -- A preservação ambiental em Angola só poderá ser garantida depois do Estado repensar as políticas para o setor, disse à Lusa o ambientalista Vladimir Russo, reagindo à notícia do eventual encerramento do Parque Nacional da Mupa, criado em 1965.
A possibilidade de mudança de categoria ou de encerramento do Parque Nacional da Mupa, localizado na província do Cunene, no sul de Angola, devido à ação humana foi divulgada pela agência noticiosa Angop, que citava, sem identificar, uma fonte do Ministério do Ambiente, o aumento de habitantes, fazendas agrícolas e a construção de residências -- até 2007 havia já 575 -- para justificar essa alteração.
Em declarações à Agência Lusa, Vladimir Russo disse que a falta de apoios para a gestão do parque, criado na era colonial, levou a uma situação de abandono, durante muitos anos.
"É um parque que está semi-abandonado, não tem estrutura física, por isso acho necessário repensar, não só para este, mas para todos os parques do país, uma redefinição naquelas áreas, o que ainda deverá merecer a categoria de parque nacional", defendeu o ambientalista, mestre em Educação Ambiental pela Universidade de Rhodes, na África do Sul, e membro da Fundação Kissama.
Atualmente no Parque Nacional da Mupa, com a área de 6.600 quilómetros quadrados, vivem mais de 25 mil pessoas, que se dedicam sobretudo à agricultura e à pastorícia.
A caça furtiva é também outro problema que afeta os parques, situação que não difere no Mupa.
Esqueletos de crânios de elefantes foram encontrados recentemente na posse de populares que habitam no interior do parque, segundo noticiou a Angop.
E sobre o problema relacionado com a caça furtiva, Vladimir Russo dá como exemplo o parque da Kissama, gerido pela fundação a que está ligado, localizado na província do Bengo, onde têm sido identificados caçadores furtivos, mas alerta que o trabalho de fiscalização pertence ao Estado.
"A falta de fiscalização e de gestão do parque, que não está presente 24 horas por dia, são condições, além da intensificação da atividade turística, a procura de terras aráveis para a prática da agricultura e agro-pastorícia, que se oferece às pessoas acercarem-se dessas áreas", salientou.
Por outro lado, no âmbito do seu Plano Estratégico para as áreas protegidas de Angola, o Governo angolano assinou na semana passada com a União Europeia uma convenção de financiamento para o Fundo Global para o Ambiente, para 2014, no valor de 600 milhões de kwanzas (4,6 milhões de euros).
O Fundo Global para o Ambiente tinha já disponíveis 200 milhões de kwanzas para a conservação do maior parque nacional de Angola, o Iona, que tem uma área de 15.150 quilómetros quadrados, e fica na província do Namibe, sul do país.
O Projeto Nacional da Biodiversidade para a Conservação do Parque Nacional do Iona, que tem a duração de quatro anos, é o primeiro que a UE apoia na área do Ambiente em Angola, e tem o valor global de 10 milhões de euros.
A nível nacional, o projeto vai apoiar o Instituto Nacional de Áreas de Conservação da Biodiversidade na avaliação do estado atual dos parques nacionais e das reservas naturais e na gestão dos sistemas de áreas protegidas.
Uma das constatações que constam do relatório parecer final conjunto na especialidade da Assembleia Nacional sobre o Orçamento Geral do Estado para 2013 é que as verbas previstas para a gestão dos parques naturais devem ser aumentadas.