A cidade de Utrera trouxe ao conhecimento do público uma descoberta rara depois de arqueólogos terem encontrado, em boas condições, uma sinagoga medieval que nos sete séculos seguintes teve propósitos diferentes. Passou por ser um hospital, um orfanato e mais recentemente uma discoteca.
Existem referências à sinagoga que remontam a mais de 400 anos. Em 1604, o padre local, Rodrigo Caro, descreveu a área: “Neste local havia apenas estrangeiros e judeus que tinham a sua sinagoga antes de estar aqui o Hospital da Misericórdia”.
A descrição de Rodrigo Caro foi confirmada no fim do ano passado quando uma equipa de arqueólogos liderados por Miguel Ángel de Dios descobriu uma arca da Torah e o local onde se recitavam orações.
“Foi como desvendar hieróglifos. Quando encontrámos a chave, tudo se juntou”, disse Ángel de Dios.
O presidente da câmara de Utrera disse em conferência de imprensa que a investigação dos últimos dois anos significa que “agora podemos ter a certeza científica de que estamos numa sinagoga medieval”. José María Villalobos confessou que a descoberta o deixou sem palavras.
Para Villalobos, uma das razões para o edifício ter durado tanto tempo prende-se com o facto de o mesmo ter tido sempre um propósito diferente e que a descoberta justifica a vontade, nem sempre popular, de comprar a infraestrutura e que esta representa uma “oportunidade para recuperarmos a nossa história” e atrair investigadores e turistas.
O plano passa por abrir o espaço aos turistas e visitantes enquanto continuam as escavações arqueológicas. Os investigadores acreditam que ainda existem várias partes a ser descobertas. O próximo passo, de acordo com Miguel Ángel de Dios, é tentar perceber se existe uma casa rabínica ou uma escola religiosa.