Angolanos e indonésios em pesqueiro português arrestado em Cabo Verde esperam decisão judicial

Doze trabalhadores, angolanos e indonésios, com salários em atraso, estão a bordo de um barco de pesca de um armador português, arrestado por ordem judicial, no porto do Mindelo, Cabo Verde, segundo fontes ligadas ao processo.

Lusa /

"Nós recebemos o arresto do tribunal e estamos a cumprir com a decisão judicial. O navio está aqui, não pode sair até se resolver essa questão", disse à Lusa o capitão dos portos do barlavento cabo-verdiano, Aguinaldo Lima, referindo que a tripulação se encontra em segurança.

Segundo o responsável, a autoridade tentou contactar as embaixadas de Angola e da Indonésia para tratar da situação dos tripulantes, mas ainda não obteve respostas.

Indicou ainda que a empresa responsável pela gestão da tripulação informou ter contactado o armador, que "está em Portugal a tratar de um financiamento para pagar os salários e resolver a situação", embora sem avanços até ao momento.

O representante da Agência de Navegação de Cabo Verde (Limage), José Lima, disse à Lusa que a embarcação está parada há cerca de dois meses no porto do Mindelo.

Desde então, o armador tem fornecido alimentos "sempre que a tripulação solicitar" e, em termos de saúde, "os rapazes estão bem", tendo um dos pescadores sido acompanhado hoje para um controlo médico.

"Eles estão aí, trabalham no barco quando é preciso, fazem limpezas, essas coisas. Contactam as famílias via WhatsApp e saem do porto quando querem. Não estão presos, entram e saem livremente", afirmou.

A Federação Internacional dos Trabalhadores do Transporte (ITF) denunciou, em comunicado, há cerca de uma semana, que os doze homens a bordo do barco Novo Ruivo, de bandeira portuguesa, estão há oito meses sem receber salários e foram abandonados pelo armador.

No comunicado, o inspetor da ITF, Gonzalo Galan, considerou que a situação é "horrível", afirmando que, após oito meses sem remuneração, os pescadores estão impossibilitados de sustentar as suas famílias e exigem "a única solução justa possível: receber os salários em atraso e regressar a casa em segurança e sem demora".

A organização apelou ainda a que os empregadores da indústria pesqueira europeia negoceiem um acordo coletivo que garanta proteção efetiva para tripulações estrangeiras que trabalham em embarcações de capitais europeus.

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