Annan "chocado" com escalada de violência na Síria

Genebra, 08 abr (Lusa) -- O emissário das Nações Unidas e da Liga Árabe à Síria, Kofi Annan, manifestou-se hoje "chocado" com o aumento "inaceitável" da repressão no país e pediu ao regime de Bashar al-Assad que acabe com toda a violência.

Lusa /

"Estou chocado com os recentes relatos que indicam um aumento da violência e das atrocidades em diferentes cidades da Síria, com um resultado alarmante de feridos, refugiados e pessoas deslocadas", afirmou Annan, num comunicado.

"(Estas ações) violam o que foi acordado comigo", disse Annan, que considerou o aumento da violência "inaceitável".

« Devemos todos trabalhar com urgência para o fim das hostilidades, permitir o acesso às agências humanitárias e criar as condições para um processo político que permita ter em conta as aspirações legítimas e as preocupações do povo sírio », afirmou.

« À medida que nos aproximamos da data limite de 10 de abril (terça-feira), lembro ao Governo sírio a necessidade de meter em prática os compromissos assumidos », disse, apelando à comunidade internacional para que exerça a sua influência junto do regime para « parar com o banho de sangue e para começar o diálogo ».

O plano da ONU para a Síria prevê o fim das operações militares na terça-feira e o estabelecimento de um cessar-fogo 48 horas depois.

O Conselho Nacional Sírio (CNS), principal coligação da oposição, apelou hoje às Nações Unidas para que intervenham com "urgência" para acabar com a violência no país, após mais um dia de confrontos que fizeram mais de 120 mortos.

"Acreditar nas promessas deste regime bárbaro (...) é permitir que este avance no seu plano para destruir a Síria e levar a cabo um banho de sangue", acrescenta a oposição.

Entretanto, o regime do Presidente Bashar al-Assad anunciou hoje não vai retirar as suas tropas das cidades sírias sem ter "garantias escritas" da oposição.

"Dizer que a Síria vai retirar as suas forças das cidades a 10 de abril não é exato, (o emissário internacional) Kofi Annan não apresentou ainda garantias escritas da aceitação dos grupos terroristas armados de parar com todas as formas de violência", afirma o Ministério dos Negócios Estrangeiros sírio em comunicado.

De acordo com o Observatório dos Direitos Humanos Sírio, a violência em todo o país provocou pelo menos 128 mortos no sábado, enquanto hoje fala em sete mortos, nomeadamente em Damasco e em Idleb.

Segundo a mesma fonte, a violência na Síria fez perto de 10 mil mortos, a maioria civis, desde o início da contestação popular, a 15 de março de 2011.

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