Mundo
Annie Leibovitz: "Acho que, de alguma maneira, a minha câmara me salvou a vida"
A RTP esteve na primeira grande mostra da fotógrafa norte-americana na Corunha. É a primeira mulher a expor no espaço da Fundação Marta Ortega Pérez.
Annie Leibovitz deu à exposição o título de “Wonderland” - um país das maravilhas que vai da reportagem, começando na década de 1970, às produções de moda para a revista Vogue, incluindo trabalhos para a edição de novembro deste ano da publicação. E foi a própria fotógrafa, na pré-inauguração da exposição em que a RTP esteve presente, a revelar as linhas invisíveis que cosem a retrospetiva de uma das mais importantes artistas dos nossos tempos.
“Quando percorrerem estas salas, vão ver primeiro fotografia e só depois o que está lá dentro.” O aviso foi feito antes de começar a visita guiada, uma vez que Leibovitz assume ter “tanto respeito pelo formato”. É também por essa razão que o ponto de partida de Wonderland são os The Rolling Stones.
A amplitude da primeira sala acolhe dezenas de imagens a preto e branco, com a ocasional fotografia a cores. Qual puzzle, as impressões encaixam como peças umas nas outras e, dando uns quantos passos para trás, é possível ver o panorama geral: naquelas paredes estão os três meses que a artista passou com a banda em 1975 durante a digressão “Tour of The Americas”. Durante esse período, conta aos jornalistas “não vi a luz do dia”. E enquanto o público vê os The Rolling Stones, Leibovitz observa uma “reportagem pessoal e muito obsessiva".
"Atirei-me a esta tournée e quase me matou. Nunca pousei a câmara fotográfica e acho que, de alguma maneira, a minha câmara me salvou a vida", acrescentou.
Ao longo das centenas de fotografias expostas no Muelle de Batería, mudam-se as cores e desenvolve-se o estilo. Há, no entanto, algo que acompanha o percurso: os rostos a quem Annie Leibovitz aponta a lente.
Embora variem no que diz respeito à área profissional, são, maioritariamente, artistas. “Interesso-me por artistas porque tenho curiosidade relativamente ao processo e adoro ver como coisas são criadas”, diz a fotógrafa, cujos retratos de Angelina Jolie, Rihanna, Joan Didion, Salman Rushdie e Florence Welch são alguns dos que fazem parte desta mostra.
Para além de celebridades do universo cultural, foi convidada a fotografar personalidades da política e da religião. Já na última sala do roteiro parece estar a tentativa de condensar tudo o que não coube nas divisões anteriores, mas que não podia ser deixado de fora. Barack Obama, George W. Bush, o Dalai Lama e Jane Goodall, entre tantos outros, preenchem esta parede. Annie Leibovitz diz que não gosta de “simplificar quem se fotografa”.
Em resposta a um jornalista que pergunta quais as diferenças entre fotografar um monarca e um artista, assume que enfrenta os desafios de forma igual: “Acho que toda a gente é interessante. Tento dar o meu melhor em cada fotografia, tentando entender a pessoa, independentemente se é um rei ou um designer de moda."
Tendo passado pela reportagem, a fotografia de moda e, finalmente, o retrato, a fotógrafa continua atenta a outros géneros. “Hoje em dia, o tipo de fotografia mais extraordinário para mim é o fotojornalismo”, admiração que ganhou também graças “aos jovens jornalistas por aí a perder as vidas”.
Ainda assim, e respondendo à questão colocada pela RTP, Leibovitz diz que não voltaria a repetir um trabalho como aquele feito com os The Rolling Stones em 1975. “Sendo mais velha, o trabalho evoluiu para eu poder pensar como quero fotografar e ver uma pessoa”, ainda que ainda preserve alguma imprevisibilidade e espontaneidade a fotografar, principalmente, os filhos, que “não querem parar para tirar fotografias.”
Em “Wonderland”, o trabalho monumental de Leibovitz, que já fez capas das revistas Vogue, Vanity Fair e Rolling Stone, é ajustado a uma escala mais íntima. Os grandes formatos e as molduras (como foram utilizados na exposição de Irving Penn no mesmo local em 2024) foram trocados por impressões mais pequenas, presas às paredes por pioneses. Uma abordagem mais rudimentar no método de expor que, tal como mencionado inicialmente pela artista, reflete a primazia pelo meio e pela técnica.
A exposição pode ser visitada no Muelle de Batería, na Corunha, até dia 1 de maio.
“Quando percorrerem estas salas, vão ver primeiro fotografia e só depois o que está lá dentro.” O aviso foi feito antes de começar a visita guiada, uma vez que Leibovitz assume ter “tanto respeito pelo formato”. É também por essa razão que o ponto de partida de Wonderland são os The Rolling Stones.
A amplitude da primeira sala acolhe dezenas de imagens a preto e branco, com a ocasional fotografia a cores. Qual puzzle, as impressões encaixam como peças umas nas outras e, dando uns quantos passos para trás, é possível ver o panorama geral: naquelas paredes estão os três meses que a artista passou com a banda em 1975 durante a digressão “Tour of The Americas”. Durante esse período, conta aos jornalistas “não vi a luz do dia”. E enquanto o público vê os The Rolling Stones, Leibovitz observa uma “reportagem pessoal e muito obsessiva".
"Atirei-me a esta tournée e quase me matou. Nunca pousei a câmara fotográfica e acho que, de alguma maneira, a minha câmara me salvou a vida", acrescentou.
Já a trabalhar para a revista Rolling Stone, é durante essa década que começa a desenvolver as conceções que a vão levar ao estilo inigualável de retrato, que é o culminar desta exposição. Quer, por isso, que o público “faça algum trabalho de casa antes de lá chegar”.
O trajeto passa, inevitavelmente, pela fotografia de Patti Smith tirada em 1978. As chamas que iluminam o fundo por trás da cantora e compositora são, como explica Leibovitz, um adereço que ajuda à caracterização do sujeito, num esforço inicial de “criar uma história dentro de uma imagem”.
O trajeto passa, inevitavelmente, pela fotografia de Patti Smith tirada em 1978. As chamas que iluminam o fundo por trás da cantora e compositora são, como explica Leibovitz, um adereço que ajuda à caracterização do sujeito, num esforço inicial de “criar uma história dentro de uma imagem”.
Ao longo das centenas de fotografias expostas no Muelle de Batería, mudam-se as cores e desenvolve-se o estilo. Há, no entanto, algo que acompanha o percurso: os rostos a quem Annie Leibovitz aponta a lente.
Embora variem no que diz respeito à área profissional, são, maioritariamente, artistas. “Interesso-me por artistas porque tenho curiosidade relativamente ao processo e adoro ver como coisas são criadas”, diz a fotógrafa, cujos retratos de Angelina Jolie, Rihanna, Joan Didion, Salman Rushdie e Florence Welch são alguns dos que fazem parte desta mostra.
Para além de celebridades do universo cultural, foi convidada a fotografar personalidades da política e da religião. Já na última sala do roteiro parece estar a tentativa de condensar tudo o que não coube nas divisões anteriores, mas que não podia ser deixado de fora. Barack Obama, George W. Bush, o Dalai Lama e Jane Goodall, entre tantos outros, preenchem esta parede. Annie Leibovitz diz que não gosta de “simplificar quem se fotografa”.
Em resposta a um jornalista que pergunta quais as diferenças entre fotografar um monarca e um artista, assume que enfrenta os desafios de forma igual: “Acho que toda a gente é interessante. Tento dar o meu melhor em cada fotografia, tentando entender a pessoa, independentemente se é um rei ou um designer de moda."
Tendo passado pela reportagem, a fotografia de moda e, finalmente, o retrato, a fotógrafa continua atenta a outros géneros. “Hoje em dia, o tipo de fotografia mais extraordinário para mim é o fotojornalismo”, admiração que ganhou também graças “aos jovens jornalistas por aí a perder as vidas”.
Ainda assim, e respondendo à questão colocada pela RTP, Leibovitz diz que não voltaria a repetir um trabalho como aquele feito com os The Rolling Stones em 1975. “Sendo mais velha, o trabalho evoluiu para eu poder pensar como quero fotografar e ver uma pessoa”, ainda que ainda preserve alguma imprevisibilidade e espontaneidade a fotografar, principalmente, os filhos, que “não querem parar para tirar fotografias.”
Em “Wonderland”, o trabalho monumental de Leibovitz, que já fez capas das revistas Vogue, Vanity Fair e Rolling Stone, é ajustado a uma escala mais íntima. Os grandes formatos e as molduras (como foram utilizados na exposição de Irving Penn no mesmo local em 2024) foram trocados por impressões mais pequenas, presas às paredes por pioneses. Uma abordagem mais rudimentar no método de expor que, tal como mencionado inicialmente pela artista, reflete a primazia pelo meio e pela técnica.
A exposição pode ser visitada no Muelle de Batería, na Corunha, até dia 1 de maio.