"Antisemitismo". Candidata à sucessão de Boris Johnson indigna funcionários públicos

por RTP
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Elizabeth Truss, uma destacada candidata à liderança do Partido Conservador e à chefia do Governo britânico, incendiou os ânimos, ao afirmar que a função pública do país se encontra impregnada de preconceitos "antisemitas".

"Liz" Truss conseguiu, num mesmo discurso, chocar os funcionários públicos com a acusação de preconceitos "antisemitas" e chocar a comunidade judaica, ao reproduzir estereótipos sobre o foco negocista da cultura judaica.

O discurso, pronunciado em cerimónia realizada na Sinagoga de Manchester, prometia "erradicar o flagelo do antisemitismo" e, para isso, "mudar a cultura" que considera enraizada na função pública e impregnada de preconceitos "antisemitas".

Aparentemente, Truss referia-se ao apoio que funcionários públicos têm manifestado, na esfera privada, ao movimento de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), contra o regime de apartheid que esse movimento censura a Israel.

O dirigente sindical Dave Penman reagiu imediatamente, acusando Truss de lançar acusações generalizadas e sem fundamento contra os funcionários públicos.


Penman fez notar, além disso, que Truss tem, de longa data, exercido funções ministeriais, sendo portanto, ela própria, uma funcionária pública e uma alta responsável pela "cultura" que vigora na função pública.

Por outro lado, na mesma ocasião, Truss afirmara também: "Há tantos valores judaicos que são valores conservadores e também valores britânicos, por exemplo entender a importância da família e de dar passos para proteger a unidade da família, o valor do trabalho árduo e de cada qual saber iniciar e pôr de pé o seu próprio negócio".

A ironia do incidente quis que, ao acusar a generalidade dos funcionários públicos de preconceitos antisemitas, se tenha colocado a si mesma no pelourinho, por reproduzir o estereótipo do judeu como figura obcecada apenas pelos negócios.

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