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António Guterres. ONU completa 80 anos "sob ataques" sem precedentes
A Carta das Nações Unidas foi assinada por 50 países há 80 anos, a 26 de junho de 1945, em São Francisco, nos Estados Unidos. Esta quinta-feira, na sede da organização, em Nova Iorque, o atual secretário-geral, António Guterres, denunciou os ataques contra os seus fins e princípios fundadores de que a ONU está a ser alvo, "como nunca antes".
"Sejamos claros: hoje estamos a assistir a ataques aos propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas como nunca antes", disse António Guterres aos estados-membros, reunidos para uma sessão especial da Assembleia Geral.
"A ameaça ou o uso da força contra as nações soberanas. A violação do Direito Internacional, incluindo o Direito Internacional humanitário e o Direito Internacional dos direitos humanos. O ataque a civis e às infraestruturas civis. A exploração de alimentos e água. A erosão dos Direitos Humanos", enumerou o secretário-geral, sem contudo nomear qualquer responsável por estas violações. "Uma e outra vez, observamos um padrão bastante familiar: seguir a Carta quando nos convém, ignorá-la quando não nos convém. A Carta da ONU não é opcional. Não é um menu à la carte."
"Podemos estabelecer uma ligação direta entre a criação das Nações Unidas e a prevenção de uma terceira guerra mundial", frisou o secretário-geral. "Temos assistido a avanços na democracia, no respeito pelos direitos humanos e no direito internacional mas, infelizmente, hoje assistimos a uma tendência preocupante no sentido oposto".
"Agora, mais do que nunca, devemos respeitar e renovar o nosso compromisso com o Direito Internacional - em palavras e em ações", insistiu, apelando aos Estados-membros para "estarem à altura da ocasião".
ONU80
Um fórum para os estados-membros expressarem os seus pontos de vista, mediadora do diálogo entre governos, a ONU é autorizada a tomar medidas quanto a problemas que afligem a humanidade como um todo, desde a paz e segurança às alterações climáticas, passando pelo desenvolvimento sustentável, os Direitos Humanos, ajuda humanitária e emergências de saúde, entre outros.
As suas tarefas realizam-se através da Assembleia Geral, do Conselho de Segurança, do Conselho Económico e Social e de outros órgãos e comissões da Organização.
Num contexto internacional de conflitos múltiplos e de recrudescimento dos discursos de ódio e de nacionalismos exarcebados, as Nações Unidas vivem uma crise multifaceta que ameaça o seu futuro.
Se, há 30 anos, os capacetes azuis da ONU eram tidos como forças vitais para pacificar regiões e permitir a resolução de conflitos, atualmente os apelos do secretário-geral ao respeito pela lei internacional e pela soberania dos povos fazem manchetes sem resultados práticos no terreno.
Também o Conselho de Segurança, um orgão responsável pela tomada de decisões e emissão de resoluções sobre questões que ameaçam a paz mundial, se tornou praticamente inoperacional.
Em março de 2025, António Guterres lançou a iniciativa "ONU80", com o objetivo de melhorar a eficácia da organização, que enfrenta restrições orçamentais crónicas, agravadas pelos cortes maciços de Donald Trump na ajuda externa dos EUA.
"A ameaça ou o uso da força contra as nações soberanas. A violação do Direito Internacional, incluindo o Direito Internacional humanitário e o Direito Internacional dos direitos humanos. O ataque a civis e às infraestruturas civis. A exploração de alimentos e água. A erosão dos Direitos Humanos", enumerou o secretário-geral, sem contudo nomear qualquer responsável por estas violações. "Uma e outra vez, observamos um padrão bastante familiar: seguir a Carta quando nos convém, ignorá-la quando não nos convém. A Carta da ONU não é opcional. Não é um menu à la carte."
"Não podemos nem devemos normalizar violações dos seus princípios mais fundamentais", argumentou ainda. "Defender os objetivos e os princípios da Carta é uma missão interminável", afirmou Guterres, referindo-se às guerras e aos desastres humanitários.
"Podemos estabelecer uma ligação direta entre a criação das Nações Unidas e a prevenção de uma terceira guerra mundial", frisou o secretário-geral. "Temos assistido a avanços na democracia, no respeito pelos direitos humanos e no direito internacional mas, infelizmente, hoje assistimos a uma tendência preocupante no sentido oposto".
"Agora, mais do que nunca, devemos respeitar e renovar o nosso compromisso com o Direito Internacional - em palavras e em ações", insistiu, apelando aos Estados-membros para "estarem à altura da ocasião".
ONU80
Atualmente, a ONU é composta por 193 Estados-membros. A missão e o seu trabalho são guiados pelos propósitos e princípios contidos na sua Carta fundadora – a Carta das Nações Unidas.
Um fórum para os estados-membros expressarem os seus pontos de vista, mediadora do diálogo entre governos, a ONU é autorizada a tomar medidas quanto a problemas que afligem a humanidade como um todo, desde a paz e segurança às alterações climáticas, passando pelo desenvolvimento sustentável, os Direitos Humanos, ajuda humanitária e emergências de saúde, entre outros.
As suas tarefas realizam-se através da Assembleia Geral, do Conselho de Segurança, do Conselho Económico e Social e de outros órgãos e comissões da Organização.
Num contexto internacional de conflitos múltiplos e de recrudescimento dos discursos de ódio e de nacionalismos exarcebados, as Nações Unidas vivem uma crise multifaceta que ameaça o seu futuro.
Se, há 30 anos, os capacetes azuis da ONU eram tidos como forças vitais para pacificar regiões e permitir a resolução de conflitos, atualmente os apelos do secretário-geral ao respeito pela lei internacional e pela soberania dos povos fazem manchetes sem resultados práticos no terreno.
Conheça aqui a história da ONU.
Em março de 2025, António Guterres lançou a iniciativa "ONU80", com o objetivo de melhorar a eficácia da organização, que enfrenta restrições orçamentais crónicas, agravadas pelos cortes maciços de Donald Trump na ajuda externa dos EUA.
Esta reforma implicará, nomeadamente, a eliminação de milhares de cargos.