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Apelo de 442 parlamentares de países europeus contra a colonização israelita

por Lusa

Mais de 400 eleitos europeus, incluindo nove portugueses, apelaram hoje aos seus países para aproveitarem a chegada de Joe Biden à Casa Branca e mobilizarem-se contra a colonização dos territórios palestinianos ocupados.

Por iniciativa de antigos responsáveis israelitas, 442 deputados e senadores de duas dezenas de países da Europa fizeram o apelo numa carta, consultada pela agência France-Presse e que foi enviada durante a noite de domingo para hoje aos Ministérios dos Negócios Estrangeiros dos vários Estados.

"Os desenvolvimentos no terreno tendem claramente a uma realidade de anexação de facto progredindo rapidamente, especialmente com a expansão dos colonatos e as demolições de estruturas palestinianas", assinalam os deputados de várias tendências políticas, incluindo sete do Partido Socialista e dois do Bloco de Esquerda.

Fonte do PS disse à agência Lusa que os socialistas Alexandre Quintanilha, Carla Sousa, Ivan Gonçalves, Jorge Lacão, Paulo Pisco, Pedro Bacelar de Vasconcelos e Tiago Barbosa Ribeiro, estão entre os signatários da carta, assim como os bloquistas Pedro Filipe Soares e José Manuel Pureza, segundo fonte do BE.

A carta foi também assinada pelo britânico Jeremy Corbyn, ex-líder do Partido Trabalhista, e pelos franceses Jean-Luc Mélenchon (esquerda radical), Olivier Faure (socialista), Yannick Jadot (eurodeputado ecologista) e Rafael Glucksmann (eurodeputado, esquerda), Gwendal Rouillard e Marie Tamarelle Verhaeghe (LREM, partido presidencial).

"Apesar da pandemia do coronavírus, o ano passado registou o maior número de demolições de habitações e estruturas palestinianas em quatro anos", escreveram.

Na sexta-feira, a ONU e os membros europeus do Conselho de Segurança exortaram Israel a interromper as demolições de instalações de beduínos no vale do Jordão e exigiram um acesso humanitário à comunidade que vive em Hamsa al-Baqa, uma aldeola considerada "ilegal" pelo Estado hebreu.

O exército israelita ocupa desde 1967 a Cisjordânia e Jerusalém Oriental, onde vivem atualmente cerca de 3,1 milhões de palestinianos e mais de 675.000 israelitas em colonatos considerados ilegalmente pela lei internacional.

A colonização israelita acelerou-se nos últimos anos sob o impulso do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e com a benevolência do seu aliado em Washington, o antigo presidente Donald Trump.

O novo presidente norte-americano, Joe Biden, tem criticado os colonatos e comprometeu-se a intensificar os esforços para a criação de um Estado palestiniano.

"O início da presidência Biden oferece uma oportunidade essencial para agir", consideram os parlamentares europeus.

O apelo foi iniciado por quatro responsáveis israelitas, entre os quais Avraham Burg, antigo presidente do Knesset (parlamento).

"A anexação decorre perante os nossos olhos: a colonização e as demolições de casas palestinianas intensificam-se e a Europa deve tomar ações imediatas e concretas para acabar com essas práticas destrutivas, trabalhando com o governo de Biden", declarou Burg à AFP.

O designado "plano Trump" para o Médio Oriente, apresentado em janeiro de 2020, prevê a anexação por Israel de partes da Cisjordânia.

O Estado hebreu suspendeu este projeto de anexação no verão a favor de um acordo de normalização das suas relações com os Emirados Árabes Unidos.

 

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