Aprovada escolha de Netanyahu para dirigir serviço de segurança interna
A nomeação do general David Zini, proposta por Benjamin Netanyahu para dirigir o serviço de segurança interna israelita (Shin Bet), foi hoje aprovada pela comissão responsável pelas nomeações para altos cargos públicos, adiantou o gabinete do primeiro-ministro.
A decisão de Netanyahu, conhecida em maio, de nomear Zini para o cargo foi inicialmente considerada ilegal pela procuradora-geral de Israel, mas a comissão decidiu de forma diferente e aprovou a escolha.
A confirmação da nomeação encerra a saga em torno desta controversa escolha, uma vez que Netanyahu é suspeito de conflito de interesses na seleção do chefe do Shin Bet, devido a uma investigação do serviço sobre alguns dos seus colaboradores próximos, suspeitos de terem recebido subornos do Qatar, noticiou a agência France-Presse (AFP).
O comité Grunis, assim designado em homenagem ao juiz que o dirige, decidiu que "nenhum problema de integridade moral impede o primeiro-ministro de escolher um chefe do Shin Bet".
Na carta enviada a Netanyahu por este comité, é referido que David Zini não tem "problemas de integridade moral".
Filho de emigrantes vindos de França e neto de um sobrevivente do campo de extermínio nazi de Auschwitz, o general Zini foi chefe do Comando de Treino das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) e chefe do Corpo de Estado-Maior.
Netanyahu atribuiu-lhe a redação de um relatório em março de 2023, seis meses antes do ataque do Hamas que desencadeou a guerra em Gaza, expondo as falhas das IDF no caso de uma "incursão surpresa" em Israel a partir do território palestiniano.
Zini irá suceder a Ronen Bar, que se demitiu após o governo ter anunciado a sua intenção de o demitir em abril passado.
Dois dias depois de anunciar a intenção de se demitir do cargo, o Governo israelita revogou a decisão de o afastar.
O conflito de interesses que se tornou o cerne da demissão de Bar deve-se ao Shin Bet estar a investigar o `Qatargate`, escândalo no qual assessores de Netanyahu teriam recebido pagamentos do Qatar para promover na imprensa israelita uma campanha favorável ao país do Golfo para o Mundial de Futebol de 2022.
A saída de Bar da liderança do Shin Bet somou-se à de outros responsáveis da segurança israelita que, no âmbito das ofensivas atuais no Médio Oriente, renunciaram ou foram afastados de cargos: o ex-ministro da Defesa Yoav Gallant, o chefe do Estado-Maior tenente-general Herzi Halevi, ou o principal porta-voz militar, o contra-almirante Daniel Hagari.
Desde os ataques perpetrados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023 - que fez cerca de 1.200 mortos e 251 reféns - e o início da ofensiva israelita em Gaza, ambos os lados propuseram vários acordos de cessar-fogo e libertação de reféns.
Uma comissão independente da ONU e um número crescente de países e organizações internacionais classificam a ofensiva militar israelita em Gaza como um genocídio.
Até à data, contabilizam-se mais de 65.000 palestinianos mortos, entre os quais mais de 19.000 crianças.