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Arábia Saudita. Ativista dos direitos das mulheres libertada após mil dias de prisão

por RTP
Loujain al-Hathloul, agora com 31 anos, foi detida em 2018, juntamente com outras 12 ativistas dos direitos das mulheres. Reuters

Loujain al-Hathloul, ativista dos direitos das mulheres sauditas, deverá ser libertada da prisão já na quinta-feira, depois de mais de mil dias detida por alegadamente promover agitações e prejudicar a ordem pública.

Foi Alia al-Hathloul, irmã de Loujain, quem anunciou no Twitter que esta irá ser libertada por ordem de um juiz, mas que permanecerá em liberdade condicional e estará impedida de viajar para fora da Arábia Saudita.

“A libertação da Loujain não equivale a liberdade”, frisou a irmã da ativista. “É uma provável saída da prisão, mas ela continuará em liberdade condicional, será proibida de viajar e ficará a aguardar notícias do processo de recurso”.

Loujain al-Hathloul, agora com 31 anos, foi detida em 2018, juntamente com outras 12 ativistas dos direitos das mulheres que alegadamente planeavam uma ação contra o príncipe herdeiro Mohamed bin Salman, líder de facto da Arábia Saudita.

Foi em dezembro de 2020 que um tribunal saudita finalmente sentenciou Loujain a cinco anos e oito meses de prisão por acusações relacionadas com terrorismo. Segundo os órgãos de comunicação locais, a ativista foi acusada de promover agitações, possuir uma agenda internacional e utilizar a internet para prejudicar a ordem pública.

Entretanto o tribunal reduziu a sua pena em dois anos e dez meses, pelo que Loujain deveria abandonar a prisão em março deste ano, sob liberdade condicional. Agora, a irmã anunciou que a libertação deverá ocorrer algumas semanas antes do esperado.

Segundo a família de Loujain e várias organizações de defesa dos Direitos Humanos, a jovem de 31 anos foi alvo de violência sexual e tortura ao longo dos mil dias em que esteve detida. Alguns dos familiares garantem que várias sessões de tortura ocorreram na presença de Saud al-Qahtani, aliado do príncipe herdeiro.

A Justiça saudita veio já a público desmentir todas essas acusações.
Pressão norte-americana pode ter contribuído para libertações
A notícia da eventual libertação de Loujain chega poucas semanas depois da tomada de posse da Administração Biden, que prometeu tomar uma posição firme quanto ao desrespeito dos Direitos Humanos na Arábia Saudita.

O atual presidente norte-americano ameaçou mesmo interromper o apoio dos Estados Unidos às forças militares sauditas no Iémen, argumentando que a guerra nesse território “tem de acabar”.

A posição norte-americana poderá estar na origem não só da libertação de Loujain al-Hathloul, como também das libertações de outros dois ativistas com cidadania norte-americana detidos na Arábia Saudita: Bader al-Ibrahim, epidemiologista e jornalista, e Salah al-Haidar, comentador em órgãos de comunicação social cuja mãe é ativista dos direitos das mulheres.
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