"Arsenal considerável". Finlândia pronta para enfrentar eventual ataque russo

por Inês Moreira Santos - RTP
Anne Kauranen - Reuters

O chefe das Forças Armadas da Finlândia garante que o país está "preparado" para responder à Rússia se for "atacado". Em entrevista à agência Reuters, Timo Kivinen explicou como, nas últimas décadas, o país desenvolveu e melhorou a "capacidade militar de defesa", precisamente para tipos de guerra como a que decorre na Ucrânia, e que tem um "arsenal considerável de armas".

Ao longo de décadas, a Finlândia tem-se preparado para um ataque russo e já garantiu que apresentará forte resistência caso tal aconteça, de acordo com o chefe das Forças Armadas do país. Em caso de invasão, como na Ucrânia, o general Timo Kivinen garante que os finlandeses estão prontos para contra-atacar as forças russas.

Além disso, o país nórdico tem construído um arsenal substancial e o líder das Forças Armadas acredita que será fundamental os finlandeses estarem motivados para lutar contra a Rússia, com quem partilha uma fronteira de cerca de 1.300 quilómetros.

"A linha de defesa mais importante está entre os ouvidos, como prova a guerra na Ucrânia neste momento"
, disse à Reuters o general finlandês.

O país, que agora pretender aderir à NATO, está preparado para um cenário semelhante ao da Ucrânia e as duas guerras travadas com a União Soviética nos anos 40 serviram de aviso. Desde a II Guerra Mundial, a Finlândia tem trabalhado e mantido as capacidades militares num nível alto.

"Desenvolvemos sistematicamente a nossa defesa militar precisamente para este tipo de guerra que ali decorre [na Ucrânia] com a utilização maciça de armas de fogo e também das forças aéreas. A Ucrânia tem sido difícil de quebrar, e tal aconteceria também com a Finlândia", referiu Kivinen.

Este país nórdico é historicamente neutro, mas depois da invasão da Rússia à Ucrânia decidiu juntar-se à Aliança Atlântica para garantir maior proteção em caso de eventuais ataques russos. A Finlândia apresentou a sua candidatura à NATO a 15 de maio.
Adesão à NATO
Com uma população de quase de 5,5 milhões de pessoas, a Finlândia conta com cerca de 280 mil militares nas Forças Armadas, para além dos 870 mil reservistas. E os gastos em Defesa de Helsínquia ascendem aos dois por cento do PIB – uma valor mais alto do que o gasto pela maioria dos países da NATO.

Além do mais, neste país nórdico ainda não foi abolido o recrutamento militar para homens, como fizeram muitas outras nações ocidentais após o fim da Guerra Fria. Em maio, num inquérito do Ministério da Defesa do país, 82 por cento dos entrevistados responderam estar disposto a combater pela defesa nacional se a Finlândia fosse atacada.

Helsínquia produziu um dos arsenais de artilharia mais desenvolvidos da Europa e tem mísseis de cruzeiro com alcance de até 370 quilómetros. Segundo o Guardian, o Governo finlandês encomendou mais quatro navios de guerra, 64 caças norte-americanos F-35, cerca de dois mil drones e pretende implantar o seu próprio equipamento antiaéreo e construir barreiras na fronteira com a Rússia.

No caso de a Finlândia aderir à Aliança Atlântica, Timo Kivinen garante que a estratégia não mudará: “A principal responsabilidade pela Defesa da Finlândia vai continuar a ser assumida pela Finlândia”.

Segundo a análise do general finlandês, a Rússia continua a enfrentar dificuldades na guerra com a Ucrânia e, se atacar o país vizinho, também é provável que sinta as mesmas dificuldades contra as forças finlandesas. No entanto, não nega que há uma preocupação com a probabilidade de uma invasão russa à Finlândia e, por isso, a adesão à NATO ajudaria a aumentar o controlo aéreo da região.

Além disso, se integrar a Aliança Atlântica e se for atacado por Moscovo, todos os países da NATO podiam envolver-se e ajudar a enfrentar este conflito.

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