Assembleia-Geral da ONU. Costa condena "irresponsáveis ameaças nucleares" e insta Rússia a cessar hostilidades

por RTP
David 'Dee' Delgado - Reuters

No discurso durante o debate geral da 77.ª sessão da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o primeiro-ministro criticou as "irresponsáveis ameaças de recurso a armas nucleares" por parte da Rússia e instou o país a cessar hostilidades.

"A Rússia deve cessar as hostilidades e permitir a criação de um diálogo sério e sustentado, orientado para o cessar-fogo e para a paz. Este não é o tempo de a Rússia escalar o conflito ou fazer irresponsáveis ameaças de recurso a armas nucleares", afirmou António Costa.

Costa censurou a “invasão injustificada e não provocada da Ucrânia”, sublinhando que consiste numa “flagrante violação do direito internacional, desde logo em violação da carta das Nações Unidas” e reiterou o “apoio de Portugal à soberania, independência e integridade territorial da Ucrânia”.
O primeiro-ministro manifestou também a solidariedade de Portugal para "com todos aqueles que, em todo o mundo, e em particular no continente africano, sofrem com os impactos da invasão da Ucrânia pela Rússia" e sublinhou, por isso, que as “necessárias sanções aplicadas à Rússia não podem afetar, direta ou indiretamente, a produção, transporte e pagamento de cereais ou fertilizantes".
“É essencial uma agenda para a paz”
Costa defendeu ainda a necessidade de “um Conselho de Segurança representativo, ágil e funcional”, onde “os pequenos Estados estejam mais justamente representados, onde o continente africano esteja presente e onde pelo menos o Brasil e a Índia tenham assento”.

O primeiro-ministro português sublinhou ainda que “é essencial uma visão global da segurança, com a nova agenda para a paz, uma agenda voltada para a prevenção de conflitos”.

António Costa sustentou que "o reforço do multilateralismo não é uma opção", mas sim "uma necessidade absoluta para fazer face aos desafios globais" e construir "um futuro mais pacífico, mais sustentável, mais inclusivo e mais próspero".

"Hoje é tempo de passar das palavras à ação: com mais cooperação, mais solidariedade e mais multilateralismo. Portugal, como sempre, não faltará a esta chamada", prometeu, no encerramento do seu discurso, que foi feito em português.
Costa defende ação climática com transição inclusiva
Durante o seu discurso, Costa defendeu abordou ainda a urgência da ação climática, mas com uma transição inclusiva, sem "deixar ninguém para trás".

O primeiro-ministro sustentou que "é inegável" a existência de "um nexo entre o clima e a segurança".

"Sentimos hoje, como nunca, os efeitos das alterações climáticas: vagas de calor ou de frio intenso, secas, incêndios, inundações e tempestades. Países como Portugal, que sofrem com a erosão costeira, o aumento das secas e com o drama dos incêndios florestais, percebem claramente a urgência da ação climática", disse.

Costa disse esperar que a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em novembro deste ano, em Sharm el-Sheikh, no Egito, conduza "a uma transição inclusiva, assegurando uma repartição mais equilibrada do financiamento climático entre a mitigação e a adaptação".

"A transição para um futuro de prosperidade, um futuro verde e digital, não pode deixar ninguém para trás. As políticas sociais têm de estar no centro da nossa ação, do desenvolvimento das nossas economias, do combate às alterações climáticas", defendeu.

c/Lusa
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