Ataque aéreo de Israel na Síria terá colocado em risco dois voos civis

por RTP
Omar Sanadiki - Reuters

Segundo o Ministério russo da Defesa, um ataque aéreo da Força Aérea israelita na Síria, desencadeado na noite de 25 de dezembro, ameaçou diretamente a segurança de dois aviões civis. Moscovo não especifica quais os voos que estiveram em perigo, mas confirma que 14 dos 16 mísseis lançados pelos israelitas foram intercetados pela defesa anti-aérea na Síria perto de Damasco. As forças israelitas reforçam que a ofensiva só surgiu em resposta a um míssil disparado da Síria contra Israel.

Quase uma semana depois de os Estados Unidos terem anunciado a retirada das tropas norte-americanas da Síria, a Força Aérea israelita terá levado a cabo um ataque aéreo naquele país, tendo como alvo as forças iranianas no terreno e também a milícia xiita libanesa, o Hezbollah. 

A Rússia, aliada do regime de Damasco, assume-se como “muito preocupada” com estes ataques “provocatórios”. De acordo com o Ministério russo da Defesa, os ataques que visaram território sírio “ameaçaram diretamente” dois voos que se preparavam para aterrar nos aeroportos de Beirute e Damasco.  

Moscovo não identificou as companhias aéreas destes aviões ou de onde estes provinham, assegurando apenas que nenhum dos aparelhos tinha origem russa.

O porta-voz do Ministério russo da Defesa, Igor Konashenkov, refere que o ataque na noite de 25 de dezembro foi realizado por seis aviões F-16 “a partir do espaço aéreo do Líbano”.  

Konashenkov adiantou ainda que Israel usou 16 bombas aéreas guiadas neste ataque, das quais 14 foram intercetadas pela defesa antiaérea da Síria.  

Também a agência estatal síria SANA, citada pela BBC, informou que a Força Aérea israelita realizou um ataque de mísseis nos arredores de Damasco. De acordo com os media estatais da Síria, três soldados nacionais ficaram feridos neste ataque. 

Ao final do dia, as forças militares israelitas vieram esclarecer no Twitter que o seu sistema de defesa antiaérea foi “ativado em resposta a um míssil aéreo lançado na Síria”. 



Na mesma rede social, as forças israelitas fizeram o balanço do ano de 2018 em termos militares, considerando que a sua ação “impediu o estabelecimento de capacidades militares iranianas na Síria”.  

Nos últimos anos desde o início da guerra na Síria, em 2011, Israel tem desenvolvido uma intervenção cirúrgica na Síria, com alvos determinados. O objetivo principal de Telavive é impedir que o Irão reforce o seu poder no país. 

Esta quarta-feira, durante uma cerimónia militar pública, o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu não fez qualquer referência direta aos mísseis nem às críticas e acusações, reiterando apenas a intenção de impedir o reforço militar iraniano na Síria.  

Na semana passada, o primeiro-ministro israelita já tinha avisado que o país defenderia os seus interesses e a sua segurança na região, assegurando a proteção do território israelita “perante a nova situação”.  
A imprensa israelita destaca que o número de ataques aéreos atribuídos ao país tem sido muito menor nos últimos meses, na sequência da queda de um avião militar russo durante uma troca de mísseis entre a Síria e Israel.  

O avião abatido em setembro de 2018 na zona de Latakia transportava 15 militares russos. Não houve sobreviventes e Moscovo atribuiu a responsabilidade deste incidente a Telavive. Desde então que a Rússia exige de Israel um aviso prévio sobre qualquer ataque que leve a cabo na Síria, algo que as forças israelitas se recusam a fazer.  
 
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