Ataque ao Nord Stream. Investigações ocidentais sugerem autoria pró-ucraniana

por Inês Moreira Santos - RTP
Anton Vaganov - Reuters

Um relatório com novas informações dos serviços de inteligência dos Estados Unidos sugere que terá sido um grupo pró-ucraniano a orquestrar o ataque ao Nord Stream 1 e ao Nord Stream 2, em setembro do ano passado. De acordo com o New York Times, as autoridades norte-americanas acreditam que estão mais perto de determinar o responsável pela sabotagem dos gasodutos. Kiev rejeita qualquer envolvimento no ataque.

A informação foi divulgada pelo jornal norte-americano, que refere ainda que não há provas de que o grupo terá atuado sob as ordens do presidente ucraniano, ou de qualquer responsável do Governo ucraniano, ou de que Volodymyr Zelensky e autoridades próximas estivessem envolvidos.

Embora os ataques aos gasodutos, no ano passado, tenham alimentado a especulação sobre quem seria o culpado, esta continua a ser ainda uma questão por desvendar. De acordo com as autoridades norte-americanas, ainda não há muitos dados sobre os autores do ataque nem as suas filiações.

As novas informações da inteligência norte-americana sugerem que quem orquestrou o ataque foi um grupo pró-ucraniano, oponente de Vladimir Putin, e que há “fortes evidências” de que a operação terá sido conduzida alguém com ligações ao Governo ou aos serviços de segurança da Ucrânia.

Para já não há conclusões finais sobre o ataque. Os EUA afirmam mesmo que "ainda há enormes lacunas" sobre o que aconteceu. Este relatório pode, todavia, constituir a "primeira pista significativa a surgir de várias investigações cuidadosamente guardadas, cujas conclusões podem ter profundas implicações para a coligação de apoio à Ucrânia".

De facto, a confirmar-se qualquer envolvimento ucraniano nas explosões que danificaram os gasodutos do Nord Stream, em setembro do ano passado, a relação com a Alemanha e os restantes países europeus pode ficar afetada.

Os dois gasodutos, que ligam a Rússia à Europa Ocidental, foram danificados em três locais perto da ilha dinamarquesa de Bornholm, no sul do Mar Báltico, no final de setembro do ano passado.

Na altura, a Rússia acusou os países "anglo-saxónicos" de responsabilidade na sabotagem do Nord Stream, com o presidente russo a classificar as explosões como "ataque terrorista internacional". Investigação alemã sugere ligações ucranianas

Uma outra investigação, levada a cabo pelas autoridades alemãs, revelou também haver indícios de que os autores da sabotagem dos gasodutos tenha ligações à Ucrânia, sem excluir que tenha sido uma "operação de bandeira falsa" para incriminar Kiev.

Investigadores alemães conseguiram reconstituir como ocorreu a explosão e identificaram uma embarcação alegadamente utilizada na operação, alugada por uma empresa sediada na Polónia e propriedade de dois cidadãos ucranianos, segundo as televisões alemãs ARD e SWR e o jornal Die Zeit.

De acordo com esta versão, a colocação dos explosivos foi efetuada por uma equipa de seis pessoas, constituída por um capitão, dois mergulhadores, dois auxiliares de mergulho e um médico, cujas nacionalidades não foram conhecidas, já que utilizaram passaportes falsos para alugar o barco.

Segundo o jornal alemão, esta equipa terá zarpado a 6 de setembro do porto alemão de Rostock e a embarcação foi localizada no dia seguinte na península de Darss e posteriormente na ilha dinamarquesa de Christianso. Numa das mesas do iate, que foi devolvido à empresa proprietária sem ser limpo, os investigadores terão encontrado vestígios de explosivos.

Segundo fontes dos serviços de segurança de vários países europeus consultadas pelos referidos meios de comunicação alemães, logo após o ataque, em setembro, um serviço secreto ocidental informou os países aliados que "um comando ucraniano" foi o responsável pela destruição do gasoduto.

Um conselheiro do presidente ucraniano já reagiu às notícias, esta terça-feira divulgadas, garantindo que a Ucrânia não teve qualquer envolvimento no caso.

Apesar de gostar de colecionar teorias de conspiração engraçadas sobre o governo ucraniano, tenho de dizer: a Ucrânia não tem nada a ver com o que aconteceu no Mar Báltico e não tem informações sobre grupos de sabotagem pró-ucranianos”, escreveu Mikail Podolyak.



Os gasodutos Nord Stream 1 e 2 não transportavam gás quando explodiram, já que a Rússia tinha interrompido o fluxo de gás através do primeiro deles durante o verão, oficialmente devido a problemas técnicos. O segundo nunca chegou a entrar em funcionamento na sequência do conflito na Ucrânia.

c/agências
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